Madeira Engenheirada: o futuro das construções no Brasil

Madeira Engenheirada: o futuro das construções no Brasil

Segundo dados da ONU, o setor da construção civil emite cerca de um terço dos Gases do Efeito Estufa (GEE) no mundo. No Brasil, o levantamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) mostra que 6% das emissões nacionais são desse setor. Esses foram um dos temas que foram debatidos no quinto episódio do Podcast WoodFlow, que trouxe como tema central a sustentabilidade das construções de madeira e o conceito de madeira engenheirada.

O CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo conduziu a conversa com três especialistas da área: Patrick Reydams, Consultor e especialista em madeira engenheirada; Leonardo Lenz, Sócio da Immergrün Construções Inteligentes; e Martin Kemmsies, Consultor e Vendas da Indústria de Madeira Latam. Eles debateram temas que foram desde a cultura de construções civis no Brasil até a oportunidade de se ter a madeira engenheirada como principal aliada sustentável para  reduzir a emissão de GEE neste setor. 

O que é madeira engenheirada?

Madeira engenheirada é o termo utilizado para artefatos feitos em madeira e que possuem engenharia aplicada e aplicável. É formada por camadas de madeira ou tiras de madeira que são coladas juntas usando adesivos especiais. Isso inclui produtos como Laminated Veneer Lumber (LVL), Cross-Laminated Timber (CLT), Glue-Laminated Timber (Glulam), entre outros. Cada um desses produtos é aplicado em um elemento construtivo, por exemplo, o CLT é um painel usado para paredes e lajes, já o Glulam é direcionado para vigas e colunas, por exemplo. Essa tecnologia permite saber exatamente a densidade e capacidade de carga de cada elemento e, com isso, é possível calcular (assim como na alvenaria) onde é necessário cada viga, ou coluna.

Benefícios da Madeira Engenheirada

O principal benefício de uma construção em madeira engenheirada é a sustentabilidade. Entanto nas construções com alvenaria se possui um saldo negativo de emissões, nas edificações em madeira o saldo é positivo. “Por ser feito de uma matéria prima natural e renovável – a madeira – além de retirar o carbono da atmosfera (no processo de fotossíntese enquanto a árvore está crescendo no campo), esse carbono fica aprisionado na madeira, durante toda a sua vida útil”, destacou Martin Kemmsies. 

Desafios e apostas no mercado

Entre os desafios apontados pelos entrevistados, está a cultura nacional de construção civil, em que se preza pelas estruturas em alvenaria. “Ainda se tem como imaginário, que casas em madeira, são aquelas feitas de tábua e que estão relacionadas a um padrão inferior de construção”, disse Patrick Reydams. Porém a realidade das construções modernas com madeira é totalmente outra. “Hoje temos uma casa totalmente feita em um planta fabril e somente a montagem é feita no canteiro de obras. Sem falar que o tempo de construção é muito mais rápido quando comparado ao de alvenaria”, explicou Leonardo Lenz. 

Os entrevistados destacaram que é necessário mais investimento em pesquisa do comportamento dessas estruturas em nosso clima tropical. “Muita tecnologia nós trouxemos de países do hemisfério norte, onde a tecnologia está mais desenvolvida, mas pragas como o cupim não estão presentes. Talvez uma saída seja aprender com países de clima temperado como o nosso, como a África do sul, completou Martin”.

Por fim, como oportunidade, o debate destacou a importância de políticas públicas para a divulgação e incentivo das construções em madeira no Brasil. Patrick destacou projetos como o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) de madeira engenheirada, financiado pelo Estado do Paraná, na cidade de Guarapuava (PR). Por lá, representantes do Estado, da iniciativa privada e universidades estão trabalhando para desenvolver produtos e também para divulgar a tecnologia construtiva em madeira engenheirada. “Além deste exemplo, uma alternativa é o incentivo do Governo e também o financiamento público para construções deste tipo. Precisamos ver escolas, hospitais e outros prédios públicos em madeira para incentivar essa mudança de cultura”, disse Martin.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br