Com o etanol, o Brasil está um passo à frente na corrida
mundial pela redução das emissões dos gases que causam o efeito estufa. O
biocombustível, presente nos postos desde a década de 1970, ganha mais um
aliado.
Estudos de Kansas State University, Manhattan, KS e USDA-ARS
Crop Genetics & Breeding Research Unit, Tifton, GA, dos Estados Unidos,
comparou a eficiência da produção de etanol de milheto em relação ao derivado
de milho, seu “parente” mais próximo. O levantamento, analisado no Brasil pela
ATTO Sementes, apontou alta competitividade do grão em relação ao milho.
Luiz Bonamigo, melhorista-chefe do programa de melhoramento
da ATTO, afirma que o milheto é viável para a produção de etanol. “Estudos
apontam que uma tonelada do grão produz 359 litros do biocombustível. A mesma
quantidade de milho produz em torno de 366 litros. A diferença é pequena,
levando-se em conta que o milheto é um grão altamente adaptável a estresses
hídricos, característica que garante boa produtividade em diferentes condições
climáticas”, explica o melhorista.
Ele observa que a única condição climática pouco tolerada
pelo milheto é o frio extremo. Mas, como as usinas produtoras de etanol de
milho estão localizadas em regiões de clima tropical, o milheto é, sim, uma boa
opção.
Bonamigo explica que o processo de produção de etanol de
milheto é semelhante ao do milho, com o uso das mesmas estruturas. O grão passa
por um processo de moagem, fermentação, destilação e tratamento químico, dando
origem ao etanol.
Benefícios múltiplos
Bonamigo explica que o DDGS (Grãos Secos de Destilaria com
Solúveis) dos grãos destilados resultantes do processo de produção de etanol,
que geralmente é direcionada para alimentação de animais de produção,
apresentou um valor proteico maior no comparativo com ao DDGS do milho. “O
índice de proteína no grão do milheto varia entre 10 e 14%, ante 6 e 8% no grão
do milho”.
Nos estudos, os DDGS
do milheto em base seca apresentaram um teor de proteína de 30,7%, enquanto do
milho foi de 23%. Com um maior teor de proteína e de gordura, os DDGS de
milheto fornecem nutrientes de maior qualidade e maior fonte de energia para a
alimentação animal em relação aos DDGS do milho.
Além da proteína, o
teor de fósforo contido no DDGS do milheto é de 0,92% por tonelada, contra 0,84%
se comparado ao milho. O fósforo ajuda na manutenção dos microrganismos do
rúmen, na absorção dos carboidratos, no transporte de ácidos graxos, além de
desempenhar papel importante na absorção e no metabolismo da energia.
Outro fator interessante do grão do milheto, aponta
Bonamigo, é que pelo seu pequeno tamanho precisa de menos energia para ser
moído. Bonamigo complementa que o milheto pode ser uma matéria-prima
estratégica para a formação de planta de biocombustíveis, etanol e biogás no
Brasil.