O consumo de batata no mundo se dá principalmente de forma in natura. O fato é que a produção deste
tubérculo ultrapassa os 388 milhões de toneladas, com uma produtividade média
próxima a 20 toneladas por hectare. Além disso, é expressivo o consumo per
capita/ano, que é superior aos 34 kg.
O principal mercado consumidor de batatas é a União
Europeia, Estados Unidos e a Ásia, com a China e a Índia. Entretanto, os países
europeus e os Estados Unidos utilizam este tubérculo com maior proporção como
base da alimentação, o que eleva a batata ao terceiro alimento mais consumido
no mundo, atrás apenas do arroz e do trigo.
As
pragas
Fatores que limitam o aumento da produtividade desta
solanácea são, principalmente, os problemas fitossanitários, como as pragas e
as doenças. Entre as pragas, a mosca-minadora Liriomyza sp., representada principalmente pela espécie Liriomyza huidobrensis, é considerada
uma praga de difícil controle pelos bataticultores. Trata-se de um díptero da
família Agromyzidae de cor escura.
A postura é endofítica, ou seja, é realizada no interior do
tecido vegetal, numa quantidade que pode variar de 200 a mais de 500 ovos
durante seu ciclo reprodutivo, o que normalmente é depositado nas folhas em um
período de quase 30 dias.
As pupas se fixam nas folhas, ou antes de empupar as larvas
migram para o caule e, principalmente, para o solo, permanecendo no estágio de
pupa por até 15 dias. Os adultos vivem em média entre 10 a 20 dias. O ciclo
completo do inseto varia de 21 a 30 dias.
Os adultos alimentam-se do conteúdo celular que extravasa de
perfurações realizadas estritamente pelas fêmeas. Logo, os machos, por não
possuírem ovipositor, aproveitam-se das perfurações existentes na área. O dano
dos adultos é conhecido como puncturas.
A dinâmica das minas ocorre pela preferência de folhas mais
velhas e sadias e, dependendo do nível de infestação, podem chegar às folhas
mais novas. Apesar do nome mosca-minadora, o principal dano é em forma de
galerias com eventuais minas.
As galerias são os danos em forma de caminhar pelo limbo
foliar, enquanto as minas são danos com raio maior, resultado do consumo elevado
num mesmo ponto, ou seja, sem muita locomoção, ou da coalescência de diferentes
galerias.
Danos
O dano da mosca-minadora reduz a área fotossintética da
planta e a predispõe a doenças fúngicas. Quando o ataque é intenso, pode-se
inviabilizar a produção e até mesmo levar a planta à morte.
Portanto, os danos ocasionados por estes insetos são
indiretos, feitos pelas larvas que consomem o limbo foliar interno das folhas,
o que acaba por reduzir a qualidade e o rendimento da produção de batatas,
devido à redução da captação da luz solar e da redução da produção de
fotoassimilados.
A ocorrência desta praga em altas populações é atribuída à
falta de monitoramento e ao uso indiscriminado de inseticidas, que elimina seus
inimigos naturais, indo contra o manejo mais eficiente, onde se aplica o
defensivo de forma mais adequada e econômica na presença da praga, realizando a
rotação de princípio ativo entre as aplicações, evitando a evolução de
populações resistentes.
Outro fator que colabora para a dificuldade de manejo da
mosca-minadora é a quantidade de plantas hospedeiras silvestres que se
desenvolvem nas proximidades das áreas de produção.
Controle
O controle da mosca-minadora na batata é realizado de
diversas maneiras, sendo a junção de diferentes métodos o meio mais eficiente e
econômico, que são os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
O uso de cultivares mais resistentes ao desenvolvimento da
mosca é a primeira opção a se adotar. O destaque é a cultivar Monalisa, que
apresenta menor incidência de danos em comparação com as seguintes cultivares,
Bintje, Jaette-Bintje, Crebella e Atlantic.
Dicas
importantes
O uso de silício na nutrição das plantas de batata
mostrou-se também um bom fator para redução de danos e aumento de produtividade.
A média de danos em batata inglesa, onde não se aplicou silício, foi de cinco
vezes mais minas e galerias.
A correção do solo e a adubação ideal mantêm as plantas mais
fortes e tolerantes aos danos das pragas em geral.
O cultivo protegido em ambiente como estufas e túneis de
agrotêxtil mostra-se eficiente para o controle desta praga, entretanto, o
investimento na tecnologia é alto. Outra alternativa é a adoção de cercas vivas
nas áreas de cultivo por plantas não hospedeiras, como capim-elefante, por
exemplo.
O uso de armadinhas de cor amarela com cola entomológica é
indispensável para o monitoramento e controle de espécies de Liriomyza spp. O levantamento e estudo
do histórico de ocorrência da praga na área onde se deseja estabelecer a
cultura possibilita a escolha mais assertiva dos produtos mais adequados para
rotação do princípio ativo.
O controle químico pode ser feito com a aplicação de
Abamectina, Abamectina + Clorantaniliprole, Acetamiprido + Etofenproxi,
Bifentrina, Ciromazina, Clofernapir, Clorpirifós, Ciantraniliprole, Espinosade,
Espinetoram, Lambda-Cialotrina, Milbemectina e Zeta-Cipermetrina.
As Abamectinas (Avermectinas) e as Milbemectinas
(Milbemicinas – Semissintético de Avermectinas) são produtos de contato e
ingestão, portanto, para garantir uma boa cobertura na aplicação, usar 0,25% de
óleo vegetal na calda para melhorar a absorção foliar.
O Clorpirifós é um Organofosforado de ação de contato e
ingestão e, por isso, deve ser aplicado com boa uniformidade na aplicação. Sua
formulação emulsionada em óleo dispensa a adição de óleo.
O ingrediente ativo Ciantraniliprole é de ação sistêmica,
ingestão e contato do grupo das Antranilamidas, e dispensa o uso de óleos e na
aplicação, sendo recomendável a aplicação ao verificar os primeiros adultos na
área.
A Lambda-Cialotrina e a Bifentrina são piretroides com ação
de contato e ingestão para o manejo dos agromizídeos. O Espinetoram é uma
Espinosina de ação de contato. Acetamiprido + Etofenproxi é uma mistura de
Neonicotinoide e Éter Difenílico, com ação sistêmica e de contato.
A Zeta-Cipermetrina é um inseticida de contato e ingestão do
grupo dos piretroides. A Ciromazina é um inseticida do grupo das Triazinaminas,
com ação sistêmica e de ingestão. Para o manejo químico das moscas-minadoras,
recomenda-se a rotação destes diferentes princípios ativos, junto à adição de
espalhante adesivo para melhor retenção da calda.
As aplicações devem ser feitas fora de horários muito
quentes e com umidade relativa do ar acima de 60%. O uso de pontas cônicas ou
de duplo leque ajudam na formação de gotas com espectro que melhoram na
cobertura das plantas e do alvo biológico. Importante sempre consultar um
agrônomo.