Mostarda hidropônica: Cresce a procura por qualidade

Mostarda hidropônica: Cresce a procura por qualidade

A mostarda é uma planta pertencente à família Brassicaceae,
a mesma da rúcula, repolho e couve-flor, sendo considerado um dos vegetais
folhosos mais nutritivos, por ser fonte de vitamina A e C, ferro, cálcio,
magnésio e potássio, elementos necessários ao organismo humano.

Tanto suas folhas quanto suas sementes podem ser consumidas,
sendo geralmente as folhas em forma de saladas e refogados, dentre outros
pratos, enquanto as sementes geralmente são destinadas à fabricação de molhos e
temperos.

Nos últimos anos a procura por alimentos que apresentem
melhor qualidade nutricional e um maior tempo de prateleira tem aumentado,
impulsionando o desenvolvimento de diferentes técnicas produtivas.

Hidroponia

Dentre as diferentes formas de cultivo, o hidropônico tem se
destacado por possibilitar a produção de plantas que atendam às exigências dos
consumidores.

O cultivo de mostarda em sistemas hidropônicos permite um
melhor balanço nutricional às plantas, menor ataque de pragas e doenças,
reduzindo o uso de agrotóxicos, garantindo a comercialização de produtos mais
saudáveis e mais limpos, tendo em vista que as plantas são cultivadas
geralmente em ambientes protegidos, apresentando uma melhor qualidade.

Manejo

A mostarda se desenvolve em uma ampla faixa de temperatura,
embora o ideal seja temperaturas mais amenas, entre 22 e 24°C, não devendo
ultrapassar os 27°C. A fim de garantir uma boa produtividade, é de suma
importância a realização de um manejo adequado das plantas, desde a escolha da
cultivar até a colheita.

Diversas técnicas de cultivo hidropônico podem ser
empregadas na produção de hortaliças folhosas, dentre as quais a NFT (Nutrient
Film Technique) tem ganhado destaque. Tal técnica consiste na passagem por
gravidade de uma fina lâmina de solução nutritiva pelo sistema radicular das
plantas que são dispostas em perfis hidropônicos.

No entanto, para que se tenha sucesso no cultivo hidropônico
de mostarda, mudas de qualidade devem ser utilizadas, devendo estas ser
preferencialmente produzidas em espuma fenólica, que proporcionam maior
uniformidade de germinação e alto grau de sanidade das mudas, desde que
utilizadas sementes com qualidade certificada.

Quando produzidas nesse sistema, as mudas passam pelas
etapas de maternidade, onde as sementes são dispostas em “placas” de espuma
fenólica para germinar; seguido da etapa berçário, quando as sementes
germinadas começam a receber solução nutritiva em perfis hidropônicos menores
que os da etapa de crescimento final, permanecendo na etapa berçário por um
período aproximado de três semanas.

A partir de então, as mudas deverão ser dispostas em perfis
maiores para o crescimento final, até atingirem o ponto de colheita, o que
ocorre entre 30 e 45 dias do plantio, de acordo com a região e a cultivar
utilizada.

De maneira geral, as hortaliças folhosas demandam grande
quantidade de nutrientes, sobretudo devido a seu curto período de crescimento
vegetativo. Portanto, o manejo adequado da solução nutritiva é essencial para
manter altos rendimentos.

Novidades

O aumento da procura pelo cultivo em sistemas hidropônicos
nos últimos anos tem impulsionado pesquisas no sentido de aperfeiçoar e criar
novas tecnologias nessa modalidade agrícola, visando sempre um melhor manejo e
produção.

 Dentre as tecnologias
atualmente disponibilizadas no mercado, os diferentes tipos de tela
(antiafídeos e de sombreamento), perfis de cultivo, novas formulações de
fertilizantes e produtos de controle biológico ganham destaque.

A utilização de telas antiafídeos nas laterais das estufas
restringe a entrada e ataque de pragas. Já as telas termorrefletoras nas
estruturas de cultivo possibilita um maior controle climático em decorrência da
redução da entrada de radiação infravermelha, permitindo um bom rendimento de
mostarda hidropônica em regiões mais quentes.

Os perfis hidropônicos, em sua maioria, sofreram ajustes em
sua composição, possibilitando a redução dos efeitos negativos da radiação
solar incidente de forma direta, tornando-se mais resistentes e duráveis ao
cultivo, com dimensões de fácil manuseio e higienização, reduzindo problemas de
sanidade nos cultivos subsequentes.

As novas formulações de fertilizantes solúveis proporcionam
maior disponibilidade de nutrientes para serem absorvidos pelas plantas,
favorecendo seu desenvolvimento e resistência ao ataque de patógenos.

O uso adequado dessas tecnologias possibilita um melhor
desempenho no cultivo hidropônico de mostarda, visto que a espécie é muito
disseminada nesse sistema, dada a sua fácil adaptabilidade, proporcionando
aumento significativo de produtividade e, consequentemente, na rentabilidade da
produção.

Produtividade

Os principais relatos dos produtores hidropônicos de
mostarda referem-se a um produto final com maior padronização e qualidade,
atendendo as exigências mercadológicas. Assim, a produção de mostrada em
sistemas hidropônicos possibilita bom retorno financeiro ao produtor, visto que
pode ser verificada economia de até 70% no custo do controle de pragas e
doenças em relação aos cultivos tradicionais.

Associado à maior economia nos tratos culturais, o maior
fluxo produtivo com redução de sazonalidade possibilitam aproximadamente 50% de
rentabilidade no cultivo de mostarda em sistemas hidropônicos, o que tem
incentivado a adoção da técnica por um grande número de produtores em diversas
regiões do País.

Evite erros

Dentre os erros mais frequentemente encontrados no cultivo
de mostarda hidropônica tem-se a utilização de perfis hidropônicos
inapropriados, que favoreçam o aquecimento da solução nutritiva a temperaturas
superiores a 30°C, ocasionando baixa oxigenação e morte do sistema radicular
das plantas.

A má higienização do sistema produtivo após a colheita
também é um dos principais erros cometidos em sistemas hidropônicos de produção
de mostarda, o que, associado à utilização de perfis inapropriados que permitam
a passagem de luz, possibilitam a formação de um ambiente favorável ao
aparecimento de pragas e doenças nas plantas.

No entanto, para minimizar e/ou prevenir esses problemas,
principalmente relacionados a pragas e doenças, a utilização de perfis
coextrusados (não deixam a “luz” passar), associados, ainda, a um adequado
processo de higienização, com lavagem periódica das bancadas com produtos de
desinfecção, como o dióxido de cloro e o ozônio ao fim de cada ciclo de
cultivo, são de fundamental importância, garantindo uma boa limpeza e a
eliminação de possíveis patógenos.

O desequilíbrio de nutrientes na solução também é
considerado um erro muito comum em cultivos hidropônicos, favorecendo, consequentemente,
o desenvolvimento inadequado das plantas de mostarda, tornando-as mais
suscetíveis ao ataque de pragas e doenças.

Bem de perto

Uma das formas mais práticas do produtor monitorar a
disponibilidade e a concentração de íons na solução é por meio do pH e da
Condutividade Elétrica (CE), os quais devem apresentar-se, respectivamente, em
torno de 6,0 e 1,8 mS cm-1, favorecendo a absorção de nutrientes
pelas plantas de mostarda e, consequentemente, um bom desenvolvimento e
produtividade.

Investimento

O custo inicial para o cultivo hidropônico de mostarda é
alto, tendo em vista que é necessário investimento na construção de ambientes
protegidos, instalação de bancadas com perfis hidropônicos apropriados e
sistemas de bombeamento de solução nutritiva, podendo o custo de implantação de
uma área com 1.000 m² variar entre 130 mil a 160 mil, dependendo do nível de
tecnologia empregado.

No entanto, o investimento pode ser recuperado em
aproximadamente três anos, visto que o cultivo hidropônico de mostarda
possibilita uma maior facilidade no manejo da cultura, com produção padronizada
em grande escala e em menores áreas, obtendo-se plantas com elevada qualidade e,
consequentemente, bom retorno financeiro, o que justifica o investimento.

Contudo, para que o sucesso na atividade seja alcançado, é
imprescindível o acompanhamento técnico desde o planejamento da atividade até a
colheita e escoamento da produção, a fim de evitar eventuais problemas
produtivos.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br