Os plantios florestais desempenham um papel de extrema
importância do ponto de vista econômico, social e ambiental, não apenas no
Brasil, mas em diversos países onde espécies exóticas de rápido crescimento
foram introduzidas.
Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores de
florestas plantadas no mundo, composta principalmente por pinus e eucalipto,
destinadas principalmente à produção de celulose, papel, painéis, carvão, entre
outros milhares de subprodutos, totalizando uma área de 7,84 milhões de
hectares, sendo responsável por mais de 90% de madeira produzida para fins
industriais (IBA, 2017).
A
floresta plantada
Para realizar a implantação de uma floresta, diversos
fatores devem ser avaliados. Para tanto, em primeira instância deve ser
realizada uma análise de mercado no local onde pretende-se instalar o
povoamento. Nesta fase, diversos fatores devem ser avaliados, dentre eles o
objetivo do plantio florestal e o mercado consumidor, pois somente assim será
possível determinar os passos subsequentes.
Para que o empreendimento tenha mais chances de obter
sucesso, faz-se necessário planejar cada passo, desde o sítio de implantação
até a venda da madeira. Assim, o planejamento se divide em duas etapas – o
macro e o microplanejamento.
O macroplanejamento é importante, pois leva em consideração
todas as vantagens que o município traz para a implantação de um
reflorestamento, tais como hospitais, proximidade da área de venda da madeira,
incentivos fiscais, preço de terra, malha rodoviária, entre outros.
Já o microplanejamento considera as técnicas de preparo da
área, maquinário que será utilizado, escolha da espécie, quantidade de
indivíduos, aquisição de mudas, manejo e o objetivo do plantio, etc.
Dessa forma, o sítio florestal será escolhido com base nas
vantagens que este trará ao produtor, principalmente no que tange a proximidade
com o mercado consumidor. Já a escolha da espécie está interligada ao objetivo
do povoamento (para fins de celulose; carvão; serraria; laminados, etc.) e
também a necessidade do consumidor, bem como a disponibilidade e qualidade das
mudas no município próximo ao povoamento.
Produtores não habituados com esse tipo de cadeia produtiva
podem se sentir desestimulados, pois o retorno financeiro pode ocorrer muito
tempo após a implantação, entretanto, quando adequadamente manejadas, podem
obter múltiplos produtos e atingir diferentes mercados, possibilitando a
versatilidade da venda de seus produtos.
Restauração
de APPs e RLs
Tornou-se comum os reflorestamentos comerciais se instalarem
em áreas alteradas e/ou degradadas, em razão da necessidade de recuperar essas
áreas, o que atrela a sustentabilidade a esta atividade. Assim, a implantação
florestal impactou positivamente a recomposição de biomas, por meio de técnicas
tais como os plantios em mosaicos, que se caracterizam como diferentes estágios
de crescimento florestal.
Além disso, áreas
plantadas podem servir como habitat para animais, plantas e microrganismos,
pelas colheitas que deixam rastros de maquinário em florestas plantadas em
direção às florestas nativas, induzindo a migração da fauna, entre eles,
inimigos naturais de pragas, dispersores de sementes e agentes polinizadores.
A presença de cascas, galhos e folhas enriquece e conserva o
solo, dessa forma contribuindo para o manejo da fauna e restauração da flora,
recuperando áreas degradadas, protegendo as nascentes de rios e reduzindo as
emissões de gases de efeito estufa.
Essas áreas, quando adequadamente manejadas, podem recuperar
a Reserva Legal e até mesmo as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) onde o
empreendimento está instalado.
Manejo
Manejar corretamente o povoamento florestal é de extrema
importância, pois somente assim este terá sucesso. Primeiramente recomenda-se
que seja realizado o reconhecimento da área, ou seja, fazer o levantamento do
histórico da área; a topografia; o clima; vias de acesso e até mesmo a
possibilidade de expansão.
Assim, caso necessário, deve ser realizada a limpeza da área
(após obtenção da licença no órgão competente) seguida da identificação,
mapeamento e combate às formigas cortadeiras, com vistas à redução dos danos ao
povoamento. Por conseguinte, deve ser realizada a análise do solo para correção
deste com as técnicas de fertilidade.
Ainda, deve ser realizada a calagem 60 dias antes do plantio
para a correção da acidez do solo. Em seguida são empregadas as técnicas de
preparo do solo. Para tanto, o cultivo mínimo é recomendável para essa fase, a
fim de evitar a compactação do solo e alterações nas características
físico-químicas deste. Dessa forma, a área deve passar pelo processo de
subsolagem a uma profundidade de 40 cm até 60 cm.
A próxima fase consiste na abertura de “bacias”, nas quais
as mudas serão plantadas, sempre com uma distância fixa entre estas, formando
um plantio em linhas. Assim, o solo está pronto para receber a muda, que por
sua vez, após implantada, será adubada em covetas laterais com um fertilizante
à base de NPK.
Um fator importante a ser determinado é a época de plantio das
mudas, devido às condições climáticas do local (chuvas, geadas, estiagem. etc).
É indicado que as mudas sejam implantadas no período chuvoso, visando redução
dos custos com a irrigação.
Além disso, para um bom desempenho é necessário o emprego
dos tratos silviculturais, tais como o controle de pragas e doenças, poda e
desbaste, dentre outros, que juntos permitem o aumento da produtividade da
floresta.
Também é importante avaliar as origens do material genético
que será utilizado, que preferencialmente seja proveniente de melhoramento
genético, proporcionando melhor desenvolvimento, qualidade da madeira e
resistência a pragas, pois mudas de qualidade promovem o sucesso da
implantação.
Em
campo
Quando bem manejadas, as florestas se desenvolvem rapidamente,
podendo atingir um incremento médio anual (IMA) de até 65 m³/ha/ano, dependendo
da espécie e da idade do povoamento. Em contrapartida, um manejo inadequado
pode trazer inúmeros danos, o que, consequentemente, levará a prejuízos.
Os principais danos de um manejo incorreto estão
relacionados à morte dos indivíduos, podendo esta ser ocasionada por diversos
fatores: plantio incorreto; subsolagem insuficiente; material genético
inapropriado para as condições climáticas da área; doenças; pragas; afogamento de
coleto; falta de irrigação; mudas de baixa qualidade; ausência ou manejo
incorreto dos tratos silviculturais; falta de fertilização, etc.
A maioria dos casos de manejo incorreto está vinculada a um
planejamento ruim. Há alguns relatos de espécies morrendo em uma determinada
área devido ao material genético que foi implantado não se adaptar bem às
condições climáticas da região do povoamento, sendo a escolha do material
genético um ponto importante no planejamento do empreendimento. Portanto, a
base do sucesso do povoamento florestal é o planejamento, pois somente a partir
de então será possível manejar a floresta corretamente.
O
acompanhamento da floresta
Para verificar se o povoamento florestal está tendo êxito, é
necessário que periodicamente seja realizado o inventário florestal, pelo qual
serão medidas algumas árvores dos talhões da floresta, permitindo que a
mensuração anual das mesmas árvores obtenha o crescimento em volume do
povoamento como um todo.
Neste processo, são instaladas unidades amostrais (parcelas)
em pontos aleatórios dos talhões, para que sejam coletadas as variáveis
dendrométricas (da árvore): DAP (diâmetro da árvore a 1,30 metros do solo) e
altura. A partir dessas variáveis é estimado o volume das parcelas e do
povoamento. Assim o silvicultor poderá planejar as técnicas de manejo
(adubação, poda, desbaste, etc.) que serão empregadas, bem como a quantidade de
produto que será comercializado.
Pesquisas
Décadas de investimento em pesquisa e melhoramento genético
levaram ao aumento da produtividade das florestas plantadas, que produzem cada
vez mais madeira na mesma área cultivada. Os plantios são realizados de forma
sucessiva nas mesmas áreas, com a adoção de técnicas de manejo adequadas, e a
produtividade se mantém.
Um plantio realizado com mudas de boa qualidade, de clones
produtivos e adaptados à região, em espaçamento e em solo preparado de forma
apropriada, seguido de cuidados com a fertilização e o controle de matocompetição
e formigas cortadeiras, resulta em altas produtividades de madeira.
Sem
errar
Alguns erros são muito frequentes na implantação de plantio,
como: utilização de solo muito compactado, fazendo com que a muda se desenvolva
inicialmente e depois pare de crescer; plantio deixando as raízes de fora do
solo, ocasionando ressecamento e morte; plantio enterrando parte radicular e
mais o tronco da muda (morte por “sufocamento”); colocação de adubo em contato
direto com as raízes das mudas, provocando morte por salinização excessiva das
raízes; além da escolha do material genético que não esteja adaptado às
condições edafoclimáticas locais e monocultivos de culturas, o que favorece a
adaptabilidade de pragas e vulnerabilidade do plantio.
A prática de alternância de culturas melhora o
aproveitamento da fertilidade do solo pelo aprofundamento diferenciado das
raízes. Isto é, melhora a drenagem, diversidade biológica e o controle de
pragas. A adubação da terra é uma das formas de melhorar suas características,
estimular os processos na infiltração e retenção da água e ainda otimizar a
fertilidade do solo.
Além disso, é importante ressaltar que ter um bom sistema de
irrigação contribui para a melhora da qualidade do plantio, evita a salinização
do solo, o que o torna improdutivo e, ainda mais, impede o desperdício de
recursos hídricos.
Custo
x benefício
Os custos de produção de plantios florestais comerciais
dependem de uma diversidade de situações, como, por exemplo, do nível
tecnológico (nível de produtividade); do objetivo da produção, da escala de
produção (nível empresarial ou pequeno produtor); das técnicas de manejo
(operações mecanizadas ou uso de mão de obra); da fertilidade do solo e da
necessidade de controle de pragas; da densidade de plantas por hectare; e do
tipo de solo (plano, ondulado ou acidentado), entre outras situações.
Deve-se frisar que os plantios geram benefícios ecológicos
(controle da erosão, sequestro de carbono, etc.) e aumentam a oferta desta
madeira legalizada e sustentável, principalmente com espécies nativas de valor
econômico. Assim, diminui a pressão sobre as florestas naturais e gera-se lucro
ao empreendimento.