O agronegócio sempre teve enorme importância na economia brasileira e, em 2017, gerou a sua maior participação no PIB em 13 anos. O setor das hortaliças (ainda mais voltado ao perfil familiar) tem mostrado um grande potencial de expansão — com tendência para o nível agroindustrial — graças à maior capacitação e ao uso de tecnologias, como estufas. E o que são estufas agrícolas? Elas são a solução para minimizar as perdas no processo de produção.
Mas como elas funcionam e quais são as vantagens em investir na sua construção? Qual é a relação delas na produção de alimentos saudáveis e como elas têm ajudado a impulsionar o crescimento de um mercado cada vez mais exigente?
O pesquisador em Solos e Nutrição de Plantas e Cultivo Protegido na Embrapa Hortaliças, Ítalo Guedes, nos ajuda a responder essas e outras perguntas! Quer entender? Então, continue conosco! Boa leitura!
O que são estufas agrícolas?
Estufas agrícolas são estruturas de vidro ou de plástico construídas, primeiramente, para proteger as hortaliças das oscilações climáticas e dos seus fenômenos.
Desenvolvido na Europa para possibilitar o plantio no inverno rigoroso, no Brasil, o cultivo protegido minimiza os efeitos da incidência solar, evita danos causados pelas chuvas e pelos ventos fortes, além de oferecer defesa às pragas do solo.
Quais são os seus principais benefícios?
A grande vantagem das estufas agrícolas é que elas permitem a criação de microambientes completamente livres das intempéries e com condições de temperatura, umidade e luminosidade ideais para cada hortaliça. Esse controle sobre o clima no interior das estruturas gera uma série de benefícios tanto ao produtor quanto ao consumidor. Veja:
Cultivo fora de época
Uma vez que o produtor não é mais refém da sazonalidade, ele pode cultivar e colher espécies fora da sua época. Isso faz com que a sua produção atenda à demanda de consumo, oferecendo alimentos de qualidade e equilibrando os preços no mercado.
As estufas também permitem o cultivo de hortaliças em regiões que, naturalmente, não proporcionam condições adequadas, aumentando o trâmite de oferta e procura do comércio.
Proteção às pragas
Em campo aberto, mesmo fazendo o manejo adequado, a plantação é muito mais suscetível ao ataque de pragas do solo e de diversos insetos, como gafanhotos, lagartas e percevejos.
O cultivo em substratos inertes ou em hidroponia NFT (no qual as raízes da planta crescem em tubos PVC com solução nutritiva) elimina o contato com muitos desses patógenos. Porém, na eventual ocorrência de pragas, o controle é muito mais rápido e efetivo.
Economia na irrigação
As estufas agrícolas possibilitam o uso do método de fertirrigação, que é a aplicação do adubo em conjunto com a água das regas. Essa prática gera uma grande economia ao negócio, pois o uso da água é moderado e a eficiência dos nutrientes é maior.
Segundo o pesquisador Ítalo Guedes, as perdas de nutrientes nitrogenados por volatilização podem chegar a mais de 50% em campo aberto. O cultivo protegido evita isso, além de aumentar o rendimento dos fertilizantes, que não reagem com os substratos inertes.
Aumento da qualidade
Os cultivares de estufa sempre terão um clima adequado, potencializando ao máximo o desempenho das plantas. Visto que no setor de hortaliças existe a preocupação quanto à cor, ao sabor, ao cheiro, à textura e às outras características visuais (e não somente à quantidade do produto), é extremamente importante que os vegetais recebam as condições ideias para se desenvolverem. Assim, a produtividade aumenta e, consequentemente, a lucratividade.
Redução de agrotóxicos
Devido ao maior controle sobre as pragas, as estufas agrícolas proporcionam um sistema de produção muito mais limpo, o que reduz drasticamente a utilização de agrotóxicos.
Visto a crescente insatisfação da população frente ao uso de químicos nas lavouras, o cultivo protegido desempenha um papel importante nessa questão. As hortaliças de estufas atendem às demandas de consumidores conscientes e exigentes.
Sustentabilidade
As estufas proporcionam, de maneira geral, menos impactos ambientais que as lavouras convencionais. Pelo uso racional de recursos (água e fertilizantes) e a redução dos agrotóxicos, a produção é mais limpa e sustentável. Por gerar, também, uma menor quantidade de resíduos, o manejo é facilitado.
Além disso, como podem ser instaladas próximas a centros urbanos, as estufas agrícolas reduzem todos os custos (econômicos e ambientais) que envolvem o transporte dos produtos (preço dos combustíveis, emissão de poluentes etc.).
Como as estufas são construídas e quais são os materiais indicados para a montagem?
As estufas são construídas com diversos materiais, como madeira, concreto, ferro, alumínio etc. e cobertas com materiais transparentes que permitam a passagem da luz solar para o crescimento e o desenvolvimento das plantas. O padrão é 50m de comprimento, 7 ou 8m de largura e 3,5m de altura, mas a atenção deve ser voltada ao plástico da cobertura e às telas laterais.
A espessura do material deve ser definida de acordo com a região em que a estrutura é instalada, ou seja, fatores como vento e temperatura são determinantes na escolha. Lonas resistentes, de qualidade comprovada e que tenham aditivos que protejam contra o calor e a radiação solar excessiva se degradam menos e têm maior custo-benefício, resultando em maior economia em longo prazo.
Como é realizado o controle de temperatura e luminosidade na estufa?
O controle da temperatura é uma das questões mais importantes nas estufas agrícolas. O ideal é que elas sejam construídas com um pé direito acima de 3,5m, o que permite a convecção do ar (movimentação das massas quentes e frias dentro do ambiente) e torna a casa propícia para as plantas.
Para o produtor que tem a estufa mais baixa, o problema de superaquecimento é resolvido com aberturas zenitais (no topo da estufa) ou laterais (levantando as cortinas) e nebulizadores (jogam uma pequena quantidade de água, aumentando a umidade e diminuindo a temperatura). Também é muito difundido o uso de telas de sombreamento ou telas metalizadas, cujos fabricantes garantem uma diminuição de temperatura em até 30%.
É fundamental que a lona seja mantida limpa o suficiente para permitir a passagem de luz solar necessária para a planta fazer fotossíntese, se desenvolver e produzir adequadamente.
Por que é importante definir o local da estufa?
Segundo Ítalo Guedes, a escolha do local para a construção da estufa agrícola deve levar em consideração, antes de tudo, se há mercado que absorva a produção. O centro de produção das hortaliças precisa ser próximo do centro de consumo, devido à fragilidade dos produtos. Por serem perecíveis, é extremamente importante que as hortaliças cheguem com rapidez aos estabelecimentos comerciais, evitando prejuízos ao produtor.
Em termos físicos, o pesquisador sugere que se dê preferência a áreas mais planas ou com baixa declividade, sem alagamentos nem histórico de doenças de solo (caso haja problemas, pode-se optar por hidroponia). Deve-se evitar a proximidade a morros ou árvores, devido ao sombreamento excessivo e à possibilidade de danos à estrutura com a queda de galhos. Além disso, a presença de água de boa qualidade para irrigação é muito importante.
As plantas cultivadas dentro de estufas sempre terão clima adequado e condições favoráveis que proporcionam o aproveitamento máximo dos recursos e elevam o desempenho das hortaliças. Com isso, os produtos apresentam maior qualidade e, consequentemente, impulsionam a lucratividade do negócio.
Agora que você sabe o que são estufas agrícolas, veja como escolher o melhor filme agrícola para a estufa!