Plantando temperos em postes de São Paulo, o coletivo Escala Humana incentiva as pessoas a cuidar da Natureza e interagir com a cidade.
Em meio aos prédios comerciais e o movimento dos carros na Avenida Paulista, em São Paulo, uma pequena horta presa ao poste na esquina da Rua Maria Figueiredo e a famosa avenida passa quase despercebida por quem caminha com pressa pelo local. Chamada de Poste Parade, a intervenção é fruto de uma iniciativa do coletivo Escala Humana, que espalhou temperos e hortaliças por mais de 100 postes da cidade em uma tentativa de trazer um pouco de Natureza para a acinzentada São Paulo.
Questionamentos sobre a relação entre cidade e seus habitantes foram as principais motivações para a criação do projeto. “Nós tínhamos algumas inquietações sobre São Paulo. Queríamos entender por que as pessoas não se sentem parte da cidade e como podemos gerar essa sensação de pertencimento”, explica Dayana Araújo, integrante do coletivo. O grupo viu que as hortas seriam uma boa maneira de tornar a cidade mais agradável e bonita aproveitando as estruturas já existentes, afinal, elas incentivam o cuidado com a Natureza e o compartilhamento de resultados entre os moradores.
A Poste Parade começou em 2014, ano em que alguns membros do coletivo participaram de um projeto que une jovens interessados em mudar a cidade e incentiva a criação de ações transformadoras. Depois de expedições por São Paulo, conversas com moradores e muita pesquisa, eles decidiram que, por conta da praticidade, a melhor opção era fixar as hortas em postes. “Eles estão em toda parte, têm formato semelhante e permitem fixar as horta na altura dos olhos”, conta Dayana.
Os temperos, comprados com dinheiro dos integrantes do coletivo, são plantados em suportes feitos a partir de sacolas de feira reaproveitadas, o que deixa a composição ainda mais colorida e sustentável. A primeira horta foi instalada no poste da Rua Maria Figueiredo e depois o modelo foi replicado para outros postes espalhados pela cidade.
Dayana conta que, na maioria das vezes, os postes são “adotados” por pessoas que moram perto. Elas dedicam algum tempo para regar as mudas de manjericão, hortelã, orégano, salsa e tantas outras espécies. Aos poucos as folhinhas são colhidas por quem vive na região ou por quem passa pelas ruas para serem usadas na cozinha. Junto com as plantas, as pessoas levam algumas poesias deixadas pelo grupo e são incentivadas a substituí-las por outras novas.
Embora Dayana diga que, desde que tenha postes, qualquer rua pode receber o projeto, o grupo toma alguns cuidados ao escolher os locais onde as hortas serão fixadas. “Os postes não podem estar rachados nem ter fios de energia soltos”, explica.
Ela também revela que o exercício de plantar nesse tipo de estrutura exige desprendimento: intempéries, como vento e chuva, podem estragar ou derrubar as hortinhas. Além disso, nada impede que os temperos e hortaliças sejam levados por alguém.
“As intervenções são efêmeras e, por isso, não há como precisar quantas existem atualmente. Mas, mesmo a curto prazo, elas despertam o olhar das pessoas para a cidade”, explica Dayana.
Texto – Marina Gabai
Ta aí uma moda que poderia pegar hein?!
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