O “uber” do carbono

O “uber” do carbono

Plataforma totalmente inovadora especializada em crédito de carbono voluntário traz para o agronegócio brasileiro o elo que faltava para garantir a monetização e sustentabilidade no setor

Maria Idaline Pessoa Cavalcanti
Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
idalinepessoa@hotmail.com

As receitas de crédito de carbono podem gerar US$ 100 bilhões ao Brasil até 2030, de acordo com um estudo da representação brasileira da Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil). Até o final da década, os setores de agronegócio, floresta e energia podem evitar a emissão de 1 bilhão de toneladas de CO2 equivalentes.
Na próxima década, o País tem potencial para suprir até 37,5% da demanda global do mercado voluntário de créditos de carbono e até 22% da demanda do mercado regulado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, ainda existe um caminho longo para que os brasileiros possam aproveitar todas as oportunidades.
Por enquanto, na prática, o mercado europeu responde por cerca de 90% da comercialização de todo o crédito de carbono do mundo. Os principais mercados voluntários de carbono estão localizados na Índia (23,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente), nos Estados Unidos (14,4 MtCO2e) e China (10,2 MtCO2e). O Brasil ocupa apenas a sétima posição, com 4,6 mtCO2e.

Protocolos

Um crédito de carbono é um certificado digital que comprova que uma empresa ou um projeto ambiental (projetos de conservação florestal, reflorestamento de áreas devastadas, energia limpa, biomassa etc.) impediu a emissão de 1,0 tonelada de CO2 (dióxido de carbono) em determinado ano. Em outras palavras, os créditos de carbono são ativos imateriais.
O conceito surgiu em 1997, quando cerca de 180 países assinaram o Protocolo de Quioto. O acordo exigia que os países reduzissem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 2008 e 2012 para 5% abaixo dos níveis de 1990, a fim de reduzir as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global.
Em 2005, o Acordo de Paris, assinado por 195 países, reforçou a necessidade de redução das emissões de GEE e a criação de um mercado internacional de compensação por meio de crédito de carbono. Entretanto, a regulamentação do comércio só aconteceu em 2021, durante as negociações da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26).
O Protocolo de Quioto é o maior avanço em relação aos encontros anuais climáticos da ONU, uma junção de regras e compromissos mais firmes almejando a diminuição de emissão dos gases de efeito estufa.
O Protocolo sustenta anualmente as metas para as organizações que mais emitem os gases de efeito estufa. Cada nação recebe as informações de quanto poderá emitir. Segundo Lima et al. (2013), a vantagem deste mecanismo é a busca pela sustentabilidade ambiental, sabendo do débito de todos com a natureza, onde cada vez se consome muito mais do que o planeta consegue renovar.

Opções

Atualmente, não há um único mercado de carbono, definido por uma única commodity, por apenas um contrato. Basicamente, há duas formas: a primeira é o mercado voluntário de carbono, que atende à demanda por créditos de carbono de empresas e indivíduos que voluntariamente decidem neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa.
Com os crescentes compromissos das empresas em se tornarem carbono neutro, a procura por créditos de carbono no mercado voluntário tem aumentado.
A segunda é o que se denomina mercado regulado de carbono, em uma sigla em inglês Cap and trade. Cap é o um teto de emissões e trade é o comércio.
Existe um limite estabelecido pelo governo de emissões para setores específicos. Obviamente, esses limites de gases de efeito estufa são aplicados para cada empresa e unidades produtivas.
Essas empresas não podem emitir mais do que aquele teto, o Cap. Se elas passarem do teto, devem pagar multa ou comprar créditos daquelas empresas que ficaram abaixo do teto.

Como começar

Até outubro de 2005 não havia nenhuma emissão real de certificados decorrentes dos projetos de MDL, porém, em 2006 foram constatados 215 certificados emitidos. A criação do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), uma recomendação do Protocolo de Quioto, tratado internacional ratificado pelo Brasil, prevê a redução da concentração de GEE no planeta.
O Brasil teve experiências importantes nisso. Projetos ou iniciativas que reduzem emissões de gases de efeito estufa, como aqueles que utilizam energia renovável, biomassa como combustível, plantio direto, fixação biológica de nitrogênio e carbono no solo, são atividades que têm potencial para se tornarem elegíveis para mecanismos voluntários de crédito de carbono.
Existem essas possibilidades, que não são tão simples, mas são factíveis. Há solução. Na prática, no entanto, a elaboração desses projetos requer a contratação de profissionais ambientais para calcular a redução de GEE gerada pelas iniciativas. Uma consultoria especializada também pode ser necessária para ajudar na comercialização do ativo, já que ainda não há regras claras para o mercado brasileiro.

Para onde vão os recursos?

Os recursos financeiros provenientes da compensação são reinvestidos no projeto e geram cobenefícios sociais para as comunidades envolvidas. Em 2011, no auge dos mercados de carbono, os mercados regulados chegaram a movimentar quase US$ 180 bilhões.
Hoje, 22% das emissões mundiais já estão sob algum tipo de tipo de precificação de carbono, seja mercado de carbono ou tributo. Já existem mercados na China, na Europa, nos EUA e no Brasil.
Algumas empresas nacionais já estão trabalhando para mensurar emissões e remoções de carbono, com a visão de que o carbono é um grande indicador de produtividade e sustentabilidade; e que veio para ficar, dentro da tomada de decisão ou da prestação de contas das fazendas.
Inicialmente as propriedades são identificadas, os parceiros vão propor a elas a participação nos projetos, que serão estruturados pela empresa e posteriormente negociados no mercado voluntário de carbono, podendo gerar uma renda adicional aos produtores.
O aumento da demanda por parte de grandes empresas representa uma grande oportunidade para o agronegócio brasileiro e para produtores de todos os tamanhos, além de gerar grande impacto positivo para a sociedade.

Tecnologia em prol da sustentabilidade

Os créditos de carbono são certificados que representam quantidades de gases de efeito estufa que foram mantidos fora do ar ou removidos dele e podem ser gerados através de iniciativas como: redução de emissões, como metano de aterros sanitários, substituição de fontes de geração de energia, desmatamento evitado, além do sequestro de carbono por meio de reflorestamento, agricultura regenerativa e boas práticas agrícolas – como a própria redução de fertilizantes nitrogenados.
Com cerca de 41% de seu território ocupado por estabelecimentos agropecuários, em número de aproximadamente 5 milhões, de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é novidade que o Brasil seja uma potência agrícola.
Contribuindo com cerca de 25% do PIB brasileiro e movimentando o montante de aproximadamente R$ 390 bilhões por ano, o setor é um dos poucos da economia que vem apresentando crescimento nos últimos anos.

Oportunidade

A agricultura de baixo carbono representa mais uma oportunidade para os produtores brasileiros ao associar produção sustentável com geração de serviços ambientais e novos modelos de negócios que podem representar uma nova fonte de renda.
Contudo, são necessários modelos de medição e novas tecnologias para que esse potencial seja explorado ao máximo. Além disso, é preciso seguir corretamente as metodologias internacionais para que os créditos sejam efetivos.
Projetos ou iniciativas que reduzem emissões de gases de efeito estufa, como aqueles que utilizam energia renovável, biomassa como combustível, agricultura sustentável, dentre outros, se comprovada a redução, podem ser inseridos no mercado de carbono.

A geração de créditos de carbono

Nos últimos anos, o mercado de carbono voltou a crescer com o aumento do número de empresas comprometidas em ajudar a deter as mudanças climáticas, por meio da redução de suas emissões de gases de efeito estufa.
Recentemente, o aplicativo de delivery iFood anunciou que irá zerar a emissão de carbono da empresa. Da mesma forma, multinacionais como Microsoft, Apple, Unilever, Nike, dentre outras, possuem compromissos semelhantes. Inclusive, o tamanho do mercado de carbono é estimado em US$ 82 bilhões por ano, de acordo com o Banco Mundial.

Entenda o mercado de carbono voluntário e regulado

O mercado de carbono regulado surgiu em consequência do Protocolo de Quioto e das urgências em relação às mudanças climáticas. Assim, alguns dos principais países responsáveis pelo aquecimento global se comprometeram em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, criando obrigações legais para empresas dentro de seus territórios que incluem o limite de emissões e a possibilidade de compra de créditos de carbono de mecanismos definidos em Quioto para compensar a emissão além da meta, no período de 2008 a 2012.
O Brasil, como país em desenvolvimento, não assumiu meta em Quioto e, portanto, os projetos baseados no Brasil só participaram como fornecedores de créditos de carbono do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, chamados Reduções Certificadas de Emissões – CERs em inglês.
Já o mercado de carbono voluntário surgiu de forma paralela ao protocolo, com as Reduções Voluntárias de Emissões – VERs em inglês. Nele, qualquer empresa, pessoa, ONG ou governo pode gerar ou comprar créditos de carbono voluntários. Esses créditos também são auditados por uma entidade independente, mas não estão sujeitos a registros da ONU e por isso não valem como meta de redução para os países que fazem parte do acordo internacional.
Uma das principais diferenças entre os dois mercados é a precificação do crédito de carbono. Atualmente, os preços do mercado de carbono voluntário são mais altos comparados ao regulado.

A proposta de valor

Para entender essa diferença, é necessário entender a proposta de valor entre os dois tipos. Os CERs seguem uma lógica semelhante à das commodities, com pouca diferenciação entre projetos e alta oferta. Seus compradores estão preocupados especialmente em atender uma meta obrigatória de compensação de emissões, motivo pelo qual se dá pouca importância para a origem do crédito e tipo de projeto.
Já os VERs buscam atender uma demanda especial, geralmente de empresas que buscam reforçar suas estratégias de sustentabilidade e governança climática, valorizar suas marcas, diferenciar seus produtos, engajar stakeholders, dentre outros. Nesse caso a origem, os padrões utilizados e os benefícios socioambientais são de extrema importância para o comprador, bem como a qualidade do projeto.
Esse tipo de exigência não é encontrado no mercado de carbono regulado, devido aos altos custos de certificação e burocracia do processo. Assim, muitos projetos carismáticos e que trazem importantes componentes de inovação e inclusão social são tipicamente encontrados no mercado voluntário.
Já o mercado regulado apresenta tipicamente projetos de grande escala envolvendo a geração de energia, modificação de processos industriais e tratamento de resíduos urbanos e industriais.

A diferença no preço dos mercados de carbono

O preço dos CERs sofreu variâncias significativas ao longo do tempo, devido a fatores externos como a crise financeira, que reduziu o nível de atividade empresarial e ao final do primeiro período de compromisso de Quioto em 2012 ainda sem um novo acordo.
A explosão de oferta de CERs nos últimos anos, vinda especialmente de projetos na Ásia, aguardam um novo acordo internacional, de modo que hoje existe uma oferta muito superior à demanda, o que fez os preços despencarem, visto a dificuldade de diferenciação dentro do mercado.
Por outro lado, o mercado de carbono voluntário reagiu ao longo do tempo de forma muito mais constante. Nesse caso, a variação no preço é dada mais pela qualidade, localização e padrão utilizado no projeto do que por fatores extras, embora a concorrência com os CERs tenha feito a diferença, já que após 2013 o órgão responsável na ONU passa a autorizar a compensação voluntária através de CERs.
O mercado voluntário expandiu as fronteiras do mercado de carbono, permitindo a inclusão de projetos inovadores de redução de emissões e de pequenas empresas e comunidades na mitigação às mudanças climáticas, o que não foi viabilizado no mercado regulado devido aos altos custos de certificação e à burocracia do processo para projetos dos mecanismos criados em Quioto.
Assim, muitos projetos carismáticos e que trazem importantes componentes de inovação e inclusão social são tipicamente encontrados no mercado voluntário. Já os projetos do mecanismo de desenvolvimento limpo apresentam tipicamente grande escala, envolvendo a geração de energia, modificação de processos industriais e tratamento de resíduos urbanos e industriais.
Portanto, o impacto positivo dos projetos originalmente voluntários é mais perceptível, tornando a oferta mais personalizada e atrativa para o cliente, explicando a diferença de preços entre os mercados.

Fonte: ABRARASTRO

Kiri japonês pode ajudar no aumento de créditos

Iandra Daiane de Souza
Departamento de Marketing da Noblewood Group

Em muitas propriedades rurais que o kiri japonês está presente, o ganho com créditos de carbono dispara. O kiri japonês é uma árvore originária do Norte da Ásia, que ganhou destaque pelo seu rápido crescimento e porte elegante, podendo atingir 25 m de altura (crescendo de 3,0 a 5,0 m por ano).
É detentor de uma madeira de altíssima qualidade de tons claros, além de ser leve, maleável, porém, muito forte e resistente. Apresenta uma secagem rápida, não sendo facilmente deformado.
Suas características fisiológicas permitem que esta árvore se adapte a uma grande variedade de climas e a todos os tipos de solo. Seu porte é reto e com poucos nós, tendo um limbo foliar de até 25 cm de largura, geralmente em verde claro.
É uma planta tolerante ao frio, geadas, poluição ambiental e a diversas doenças e insetos pragas, como o cupim, frutos do intenso trabalho de melhoramento genético realizado. Após o corte, se regenera de forma vigorosa até sete vezes.

Destino

Hoje, dentre os principais usos da madeira estão a fabricação de móveis, instrumentos musicais, acabamentos de aeronaves, embarcações, pisos e demais estruturas.
Mas, seu uso vai muito além da extração da madeira propriamente dita, é utilizada também na ciência e na preservação do meio ambiente, pois possui uma elevada capacidade de sequestrar CO2 da atmosfera e, consequentemente, emite muito mais oxigênio que as demais árvores.

Agrocarbon360 aposta em sustentabilidade

A empresa é considerada o Uber do carbono

Créditos de carbono, Protocolo de Quioto, tudo isso você já ouviu falar, certo? Agora, certificar propriedades rurais, independentemente do tamanho da área, e poder vender os créditos para pessoas físicas ou empresas que necessitam zerar suas emissões, de forma prática, segura e confiável, isso é novidade no Brasil.
A Agrocarbon360 é uma startup que está sendo considerada no País o “Uber” do carbono, por meio do mercado voluntário. Ligada a certificações nacionais e internacionais, a plataforma nasce com o propósito de fazer com que milhões de produtores ou donos de propriedades agrícolas no País possam, enfim, vender seus créditos no mercado que mais cresce no mundo, o mercado voluntário de créditos de carbono.

Tecnologia

Por meio da tecnologia Blockchain, todo o processo é rastreado. O titular da propriedade deve estar devidamente cadastrado no CAR (cadastro ambiental rural), sendo assim, a propriedade estará dentro dos padrões das leis ambientais brasileiras.
Uma vez que todo o protocolo e documentação estiverem acessados, o proprietário recebe a visita técnica de um profissional habilitado, que responde um questionário junto ao proprietário da área e faz uma espécie de “senso”, além de fazer a medição de CO2 da propriedade.
Após isso, o profissional acresce as informações a um software, e o mesmo calcula o quanto a propriedade detém de créditos de carbono voluntário para venda.
Segundo o CEO da Agrocarbon360, Fernando Baccarin, o software trabalha sob dados computados, que seguem para uma central, onde o profissional que fez a visita não tem acesso. Isso oferece grande credibilidade ao processo e evita fraudes no cálculo. Após o processo concluído e aprovado é que o técnico tem os dados, como relatórios gráficos e, por fim, a quantidade de crédito que o titular possui.
Uma vez aprovado, o titular da área ganha um certificado em forma de cartão de crédito, com o qual é possível acessar a conta com login e senha e vender os créditos que hoje são calculados em dólar, diferente do carbono regulado, que é mais caro e tem muitos critérios que deixam o produtor da agricultura familiar de fora.

Quanto vale?

O carbono voluntário é muito mais comercializado pelo fator preço, hoje estando em torno de US$ 10,00 a US$ 11,00 o crédito (até o fechamento desta matéria). Cada crédito equivale a 1,0 tonelada de CO2. Segundo Baccarin, são mais de 7,0 milhões de propriedades aptas no País para certificação.

Biomas

“São vários os biomas brasileiros, e o software usa metodologia nacional e internacional para o cálculo, então, sabemos que a agricultura brasileira tem um potencial enorme para sequestrar estes gases, usando da preservação do meio ambiente, áreas de preservação permanente, uso de tecnologias ligadas a plantio direto, boas práticas de conservação de solo, uso de materiais para reflorestamento que sequestram até cinco vezes mais gases do que outras plantas, por exemplo, e o uso de tecnologias ligadas a energia solar, eólica e biogás”, aponta o especialista.
Tudo isso mostra que a agricultura e pecuária brasileiras podem ajudar, e muito, o meio ambiente, desde que se utilize ferramentas corretas para tal. Caso a propriedade rural tenha seu cálculo negativo, após o prazo de 90 dias a startup pode, juntamente com sua equipe técnica, trabalhar com o consentimento do dono da propriedade, técnicas para que a propriedade fique positiva.
“É um cálculo de soma e subtração, quando se trata de créditos de carbono voluntário. Quanto mais ações positivas forem feitas e que não atrapalhem o dia-a-dia do produtor e seu trabalho, o processo poderá agregar mais créditos”, destaca o CEO da Agrocarbon360.

A comercialização

A venda dos créditos é feita por meio do processo individual ou, caso a empresa compradora precise de uma quantidade muito grande de créditos, a venda cooperada é a melhor escolha, pois todo o processo é rastreado, ou seja, a empresa sabe de onde vem estes créditos, e quem vendeu sabe para onde vai.
A certificação da propriedade tem validade de cinco anos e por meio de tecnologias, como por exemplo o NDVI, que ajuda a calcular o índice de vegetação e visitas sazonais, as propriedades podem ajudar a mensurar os dados iniciais.
Todo ano o titular poderá vender seus créditos, e ao final do quinto ano o processo é refeito para mensurar novamente, com exatidão, os dados. O próprio produtor rural pode utilizar dos selos de sustentabilidade e qualidade, como o Freecarbon, para colocar em seus produtos, e usar a tecnologia Qr Code para levar o consumidor final a diminuir sua pegada de carbono, não pagando por ela, mas apenas consumindo seus produtos já ‘zerados’ no fator emissão.
As empresas que compram os créditos de carbono voluntário também podem utilizar os selos em seus produtos. A ideia é fazer com que o consumidor final (pessoa física) não pague pela sua pegada de carbono, mas faça sua parte, consumindo produtos certificados e agregando valor ao produto. Destaca-se que toda a certificação e os selos são cedidos pela Abrarastro (Associação Brasileira de Rastreabilidade de Alimentos).

O caminho

Empresas que têm dificuldade em mensurar o quanto de crédito precisam comprar, através da Agrocarbon360 podem fazer um inventário pela própria startup, que envia um auditor até a empresa para fazer o mesmo protocolo, respondendo questões e depois enviando ao software para calcular o quanto de crédito de carbono voluntário deve ser comprado para aquele ano.
A Agrocarbon360 vai dar uma “carona” a estes créditos, trabalhando esta facilidade do processo, que pode ser usado não só para empresas, mas feiras e eventos espalhados por todo o País.
Fazer um evento neutro corresponde e mostra à sociedade que os organizadores estão cientes do processo, e que mais de 80% do valor (descontados os impostos e a participação da função da startup) dos créditos volta em dinheiro na conta do produtor rural, podendo o mesmo investir este dinheiro em mais tecnologia para produzir mais na sua propriedade, ou ter uma renda extra.
Segundo o gerente de operações da startup, Jeferson Dala Riva, a ideia segue agora no desenho de franquias. São milhares de empresas ligadas a serviços agrários no País que podem monetizar com essa questão, muitas delas ligadas à certificação das propriedades no CAR (cadastro ambiental rural), já tendo a oportunidade de oferecer o produto a centenas de propriedades agrícolas e ganhando dinheiro com isso.
O processo é muito rentável, diferente do que se tem no mercado, em que o dono da propriedade só tem gastos. Desta vez, ele poderá ganhar dinheiro e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo.
Algumas propriedades já estão sendo certificadas e faturando com isso. É o caso da fazenda ligada à agricultura familiar da família De Paula. Gilmar, proprietário de uma área que certificou mais de 325 créditos por ano, vendeu uma parte para um evento perto de sua cidade, de Boa Esperança do Iguaçu (PR). “Ficamos felizes por nossa área certificada estar positiva. Isso é fruto da preservação, mas ao mesmo tempo das tecnologias agregadas à nossa propriedade. Toda propriedade rural, pequena, média ou grande, tem condições de obter créditos de carbono voluntário, seja trabalhando com a produção de aves, suínos, pastagens, criação de gado ou grãos. Este processo é um incentivo à propriedade a produzir mais e com responsabilidade socioambiental”, destaca.

Cadeia produtiva

O processo tem vários elos, e os próximos passos são a criação de uma moeda digital com o lastro em crédito de carbono voluntário, assim como relata Fernando, CEO da Agrocarbon360: “o mundo todo poderá fazer parte deste processo e ganhar dinheiro com este “token”. Qualquer pessoa poderá comprar, vender e se beneficiar do consumo de produtos com esta tecnologia. Estamos incentivando as propriedades rurais do Brasil a entrarem de vez nas alternativas de agricultura de baixo carbono, e assim gerar mais do chamado “emprego verde”, com corretores que possam trabalhar a compra e venda desta moeda digital, mas que tem o carbono voluntário como a parte palpável do processo.
Para mais informações sobre o processo da Agrocarbon360, os interessados podem entrar em contato pelo e-mail agrocarbon@abrarastro.org ou acessando o site www.abrarastro.org

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br