A abóbora é suscetível a diversos patógenos que podem causar
prejuízos ao crescimento e desenvolvimento das plantas e, consequentemente,
redução da produtividade das lavouras.
Dentre as principais doenças fúngicas que acometem a parte aérea das
plantas, destaca-se o oídio.
Essa doença é muito comum em cucurbitáceas, ocorrendo
frequentemente em espécies cultivadas e silvestres, entre elas a abóbora (Cucurbita spp.), o melão (Cucumismelo L.) e o pepino (Cucumissativus). Epidemias são mais severas
em condições de altas temperaturas e baixa umidade, seja o cultivo realizado no
campo ou sob proteção.
O
terrível oídio
Dentre as espécies de fungos causadores de oídio que atacam
a família das cucurbitáceas, as que ocorrem com maior frequência e que causam
maiores danos econômicos são: Podosphaera
xanthii, Golovinomyces cichoracearum e Sphaerotheca
fuliginea.
Outras espécies de menor importância, como Erysiphe communis, Erysiphe polygoni,
Erysiphe polyphaga e Leveillula
taurica também são citadas por atacarem as cucurbitáceas. Com exceção do
fungo I, que tem como fase assexual o fungo Oidiopsis
taurica, a fase assexual dos demais agentes patogênicos corresponde ao
gênero Oidium sp. Nessa fase o fungo
produz hifas claras e septadas, dando origem ao micélio branco ou cinza, com
paredes finas, produzindo conídios hialinos em cadeia, na forma ovalada ou
oblonga, que possuem corpos de fibrosina quando imaturos.
Esses patógenos são parasitas obrigatórios de plantas, e
para seu crescimento e reprodução a retirada de nutrientes da planta hospedeira
é realizada sem matá-la, com a formação de uma estrutura especializada de
penetração e absorção de nutrientes chamada de haustórios, formados dentro de
células epidérmicas.
Portanto, a observância de plantas hospedeiras entre os
cultivos é fundamental para o adequado manejo da doença.
Sintomas
A doença é caracterizada por sintomas de fácil
reconhecimento. Inicialmente a colonização pelo patógeno se dá na face inferior
das folhas, com posterior disseminação para a face superior na forma de
crescimento branco e pulverulento, que correspondente a micélios, conidióforos
e conídios do fungo.
Com o avanço da doença podem aparecer pequenos pontos
escuros nessa área, que correspondem à estrutura de frutificação do fungo.
Outros sintomas, como clorose, manchas ferruginosas e desfolhas, também podem
ser observados, mas dependem da reação da cultivar.
Regiões
mais afetadas
O oídio é uma das principais doenças das cucurbitáceas e
ocorre em praticamente todas as regiões onde essas plantas são cultivadas.
Entretanto, as epidemias da doença são mais intensas em condições de altas
temperaturas e baixa umidade no campo, ou sob cultivo protegido.
Todas as cucurbitáceas, cultivadas ou silvestres, são
suscetíveis. Entretanto, a doença é mais importante nas abóboras, pepino e
melão, pois essas plantas são de grande importância econômica.
Causas
O oídio é uma doença de clima fresco e seco, sendo que a
combinação de temperaturas entre 20 e 25ºC e baixa umidade relativa as
condições que maximizam sua infestação. A disseminação do oídio ocorre
principalmente pelo vento, que distribui os conídios a distâncias longas.
Contudo, as gotas de água da chuva e insetos também podem
atuar na dispersão do patógeno. Temperaturas acima de 30ºC e o molhamento
foliar são condições ambientais desfavoráveis para germinação dos conídios e
sua multiplicação no tecido vegetal.
Hospedeiros
O patógeno sobrevive por meio do micélio e de conídios em
plantas hospedeiras, voluntárias ou alternativas, e sua disseminação ocorre
facilmente pela dispersão dos conídios pelo vento ou até mesmo por respingos de
água.
Sua infecção ocorre quando o conídio atinge a folha, o que
leva 24 horas desde a germinação, com a formação do tubo germinativo, até a
penetração no interior da célula, por meio da formação do haustório. Em média a
doença é manifestada sete dias após a infecção.
Culturas
prejudicadas
O patógeno causador do oídio é disseminado rapidamente pelo
vento, gotas de água e por insetos vetores, como pulgões. Ele pode atingir
diversas culturas, sendo as mais comumente afetadas a uva, gramíneas, tomate,
abóbora, pepino, melão, caju, feijão, morango, manga, mandioca, amendoim e
mamão.
Plantas ornamentais, tais como rosas, zínias, liláses, flox,
hortênsia, érica, begônia, ciclame, azaléias, margaridas, crisântemos e
ciprestes também são afetadas.
É importante salientar que as espécies de oídio são
geralmente específicas, ou seja, cada espécie de oídio infesta uma espécie de
planta, com algumas exceções, em que uma mesma espécie do patógeno pode afetar
plantas relacionadas.
Assim, a espécie de oídio do tomateiro é diferente da que
causa doença na margarida, mas a espécie encontrada na abóbora pode também ser
encontrada em morangas e melões (ambas cucurbitáceas).
Prejuízos
O fungo pode estar presente em toda a parte aérea das
plantas, todavia, as folhas são os órgãos mais afetados. As perdas em
cucurbitáceas ocorrem pela redução da área foliar fotossinteticamente ativa,
pela redução do tamanho ou número de frutos ou também pela redução do período
produtivo das culturas.
No caso da abóbora, com a desfolha a qualidade dos frutos é
prejudicada devido à exposição ao sol e pelo amadurecimento prematuro,
resultando em menor acúmulo de sólidos solúveis e sabor menos adocicado.
As perdas no rendimento podem variar de ano para ano e serão
maiores quanto mais precocemente ocorrer na cultura. Estas perdas podem chegar
a 60%, e tudo depende da cultivar utilizada, das condições ambientais e da
agressividade do patógeno.
Controle
Os principais métodos de manejo para o controle do oídio são
o emprego de táticas culturais, variedades resistentes, controle químico,
biológico e métodos alternativos.
O controle cultural consiste na destruição de folhas, ramos,
flores e frutos afetados, mesmo que estes já tenham caído. Ao destruir os
esporos, eliminam-se os novos focos da infecção. Realizar fertilizações com
regularidade, porém sem excesso, e irrigações, conforme a demanda hídrica da
cultura, são práticas essenciais.
Irrigações por aspersão auxiliam no controle da doença, uma
vez que os conídios não germinam na presença de filme de água sobre a folha.
Utilizar espaçamento adequado de forma que as plantas se
mantenham arejadas e recebendo radiação solar. É preciso um cuidado especial em
estufas quentes e úmidas, onde este tipo de doença se espalha e se desenvolve
rapidamente.
Entre os métodos de controle, o químico ainda é o mais
utilizado. Fungicidas de contato à base de enxofre podem ser eficientes para o
controle. Todavia, os sistêmicos, como tebuconazol, tiofanato metílico,
azoxistrobina, dentre outros são os mais eficazes.
Apesar da eficiência do controle químico, seu alto custo e
seus efeitos adversos à saúde e ao meio ambiente representam desvantagens na
sua utilização. No entanto, a busca por formas alternativas de controle, de
baixo custo e de menor impacto ambiental e à saúde humana, faz da resistência
genética a melhor alternativa para o manejo do oídio das cucurbitáceas. Desta
forma, o desenvolvimento de variedades resistentes é altamente desejável.
A utilização de produtos alternativos, como o óleo de neem,
extrato de própolis, bicarbonato de potássio, além de compostos extraídos de
plantas e extratos de plantas, mostram-se bastante eficientes na prevenção e
até mesmo no controle da doença. Além disso, estes elementos são muito mais
baratos se comparados com fungicidas comerciais e tem impacto ambiental menor
também.
Importante lembrar da importância do acompanhamento de um
profissional capacitado e oferecer treinamento para todos os funcionários
envolvidos na produção.
Prevenção é sempre melhor
Prevenir o aparecimento da doença é economicamente mais
viável que o controle da mesma. Dentre as técnicas de prevenção ao oídio,
inclui-se a destruição de restos culturais e manejo adequado da lavoura. Ao
destruir os esporos, eliminam-se os novos focos da infecção.
O manejo minucioso da lavoura, o qual inclui nutrição e
irrigação adequadas e espaçamento que permitam o arejamento das plantas,
proporciona o crescimento de plantas vigorosas e saudáveis e tornam o microclima
inadequado para o desenvolvimento do patógeno.
Além disso, a escolha de cultivares resistentes é a prática
preventiva mais eficaz, sobretudo em áreas de plantio em que infestações com
oídio são recorrentes. Em casos em que a doença já está instalada, o controle
da mesma tem sido realizado majoritariamente através de pulverizações com
fungicidas.