Adjair José da Silva
adjairsiva.agronomia.ifpe@gmail.com
Daniele Batista Araújo
danielearauujo12@gmail.com
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia – Universidade Federal da Paraíba (UFPB-CCA)
Fabiano Simplicio Bezerra
Engenheiro agrônomo e doutorando em Engenharia Agrícola – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) fabianoagro14@gmail.com
O pepino (Cucumis sativus) é uma cultura de extrema importância econômica e social no agronegócio de hortaliças no Brasil. Trata-se de uma hortaliça bastante apreciada no País, tendo seu consumo expressivo em todas as regiões brasileiras, onde são consumidas de forma in natura ou em conservas.
Por aqui, em termos de produção, a região sul possui uma produção bem expressiva, com destaque para o Estado de Santa Catarina, que é o maior produtor de pepino. De acordo com os últimos dados coletados da safra de 2017, a produção anual brasileira de pepino ultrapassa 200.000 toneladas, sendo São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Amazonas os principais produtores.
Pepino hidropônico
O pepino pode ser cultivado em diferentes sistemas hidropônicos, sendo o tipo NFT (Nutriente Film Tecnique) e o semi-hidropônico os mais difundidos atualmente. O sistema hidropônico do tipo NFT é caracterizado pela passagem da solução nutritiva por gravidade pelo sistema radicular das plantas que são dispostas em perfis hidropônicos.
Já no sistema semi-hidropônico, as plantas se desenvolvem em substrato inerte, nos quais recebem solução nutritiva via irrigação. Em ambos os sistemas de produção, as plantas precisam ser tutoradas, pelo fato de apresentarem forma de crescimento indeterminado.
O cultivo hidropônico de pepino em casa de vegetação, sob condições de ambientes controlados, possibilita maior controle de temperatura e umidade no interior das mesmas, garantindo melhor desenvolvimento das plantas. Para favorecer o desenvolvimento da planta, é interessante locais com temperaturas entre 20 e 30°C e com umidade relativa do ar variando de 70 – 90%.
As mudas podem ser produzidas em bandejas de isopor ou polietileno com substrato, ou em espuma fenólica, sendo semeadas de uma a três sementes por célula. Após a emergência, as plantas são levadas para o berçário, onde começam a receber a solução nutritiva nos parâmetros adequados para essa fase.
Após isso, são transplantadas para seus respectivos locais definitivos de crescimento e desenvolvimento. O transplantio pode ser realizado entre 15 e 25 dias após a semeadura.
Solução nutritiva
A solução nutritiva deve ser preparada de acordo com a necessidade nutricional da planta, atentando-se para a CE e pH adequado, a recomendação mais recomendada é a sugerida por Furlani et al. (1999) para a cultura do pepino.
A partir dessa recomendação, sabe-se as quantidades dos fertilizantes em g/100L: nitrato de cálcio 750,00; nitrato de potássio 500,00; fosfato monoamônico (MAP) 150,00; sulfato de magnésio 400,00; sulfato de cobre 0,15; sulfato de zinco 0,50; sulfato de manganês 1,50; ácido bórico 1,50; molibdato de sódio (NA2MoO42H2O) 0,15.
O fornecimento da mesma se dá de acordo com o sistema hidropônico empregado, podendo ser programado e ajustado a partir de bombas e temporizadores.
Pulo do gato
Um ponto-chave na produção hidropônica de pepino é o equilíbrio de nutrientes na solução nutritiva, tendo em vista que ao longo das fases de desenvolvimento vegetal a planta necessita de alguns nutrientes em maior quantidade, como por exemplo, nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio, mais precisamente na fase de frutificação, quando ocorre maior demanda para o crescimento dos frutos.
Por esse fato, é imprescindível a verificação diária do pH e da EC da solução nutritiva, a fim de evitar problemas na planta, devido ao desequilíbrio de íons presentes na solução. As soluções nutritivas devem seguir um padrão de EC de 1.8 a 2.0 e pH 5,8-6,0; na frutificação deve-se elevar os níveis de potássio para a manutenção da boa qualidade dos frutos.
Outro fator importante é a higienização do sistema hidropônico como um todo, desde os perfis até o reservatório, a fim de eliminar qualquer foco de agentes patogênicos presentes no local ou no sistema. Por isso, a cada colheita (término do cultivo) deve-se fazer a higienização do sistema – a limpeza consiste na desinfecção com uso de cloro, ozônio e água.
Reaproveitamento da solução
Para o reaproveitamento da solução nutritiva, deve-se atentar para os parâmetros da mesma, principalmente para a condutividade elétrica e pH. Assim, ao ser acrescida a quantidade de água requerida para completar o reservatório, deve-se realizar a correção da solução nutritiva.
Para isso, o uso de dois equipamentos é indispensável: condutivímetro e pHmetro. Ambos devem ser utilizados para controlar o pH e a EC da solução, a partir da adição de nutrientes e de soluções controladoras de pH (ácido/base) e deixá-los adequados novamente para as plantas.
Planejamento
Após o produtor tomar a decisão de iniciar um projeto de hidroponia, é necessário a análise de alguns pontos fundamentais para o início desta jornada. Como em todo negócio, a etapa primordial é a análise financeira, se o projeto é financeiramente viável para o produtor, e se ele de fato irá preencher suas aspirações e necessidades.
A princípio, deve-se considerar dois aspectos: o comercial e o técnico. Eles variam muito, dependendo de região para região, devido a fatores climáticos, sociais e culturais. Por isso é necessário se especializar, a partir de diversos cursos que podem auxiliar o produtor ao iniciar seu projeto.
Custo-benefício
O custo-benefício para o cultivo do pepino em sistema hidropônico vai depender do nível tecnológico adotado, tendo em vista que cultivos mais tecnificados requerem maiores investimentos em uma estrutura de cultivo, como uma estufa hidropônica, que tende a incluir bancadas com perfis hidropônicos, estruturas de sustentação para as plantas, reservatórios de água, solução nutritiva, sistemas de bombeamento, dentre outros itens necessários ao cultivo.
Esses itens levam os custos de produção a aproximadamente R$ 325 mil, considerando uma área de até um hectare (10.000 m²).
Quanto aos custos de produção da cultura, esses variam entre R$ 0,80 a R$ 1,20/kg de fruto produzido, considerando uma produtividade média de 500 a 600 caixas por 1.000 m2 de estufa.
Os benefícios que o cultivo de pepino hidropônico traz para os produtores estão relacionados a algumas vantagens, que vão desde a utilização de pequenas áreas de produção em locais onde as áreas são impróprias para o cultivo do pepino, menores gastos com mão de obra, até possibilidade de atingir maiores produtividades.