Plasticultura: entenda o que é e confira os benefícios

Plasticultura: entenda o que é e confira os benefícios

O agronegócio é um dos pilares da nossa economia e a força do Brasil no campo é reconhecida mundialmente. Esse patamar foi alcançado graças ao investimento dos produtores em tecnologias na cadeia produtiva, e a vastidão do território nacional oferece várias oportunidades para o proprietário rural que deseja expandir e crescer. Nesse cenário, a plasticultura é uma das inovações que podem impulsionar o negócio das hortaliças.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do setor agrícola cresceu 9,1% no terceiro trimestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016. Dessa forma, a perspectiva é de que a agroindústria caminhe para um bom desempenho até o final do ano, contrariando o pessimismo que ainda existe em outras áreas econômicas.

Apesar disso, o Brasil ainda não aproveita todo o potencial que tem. O mercado mundial já é abastecido por diversos produtos nacionais, como a soja, o milho e as carnes bovina, suína e de frango. Entretanto, as hortaliças, flores e frutas podem melhorar ainda mais esses números, principalmente se a plasticultura ganhar um lugar de destaque entre os produtores nacionais.

Mas você sabe o que significa exatamente a plasticultura? Quais são as vantagens do seu uso na agricultura e quais os desafios a serem superados? Para responder a essas e outras perguntas, elaboramos este artigo para você. Acompanhe e compreenda! Boa leitura!

O que é a plasticultura?

São muitos os marcos que revolucionaram a história da humanidade e que construíram a sociedade que hoje conhecemos. O domínio do plantio e do cultivo de vegetais foi um deles, dando início às comunidades fixas e encerrando o ciclo nômade de caça e de coleta. Desde então, o homem vem aprimorando as técnicas e a agricultura continua tendo um papel muito importante no desenvolvimento humano, principalmente no que diz respeito à qualidade dos alimentos.

Entretanto, apesar de todos os avanços e da mecanização do setor — que aumentou significativamente a produção —, é impossível fugir das intempéries naturais e o produtor nunca está livre de perder safras inteiras, prejudicando um ano inteiro de trabalho e seu desempenho econômico. A agricultura protegida surgiu para contornar essas adversidades e resguardar as plantações das variações climáticas, possibilitando o cultivo de vegetais em locais desfavoráveis.

A construção de estufas agrícolas (antigamente, feitas de vidro) gera um ambiente protegido e controlado que proporciona mais qualidade aos produtos, além de atender às demandas do mercado. Hoje, a plasticultura vem ganhando cada vez mais espaço nas propriedades rurais e é relacionada a tudo que envolve o uso do plástico agrícola.

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, os plásticos agrícolas não são quaisquer plásticos. A tecnologia também está presente na fabricação desses materiais, nas embalagens de insumos e sacarias de adubos ou no desenvolvimento de filmes para estufas. E é no seu processo fabril que as lonas plásticas recebem múltiplos tratamentos e aditivos, que conferem diferentes propriedades para os produtos.

Quais são as principais vantagens da plasticultura?

A primeira (e mais nítida) vantagem da plasticultura nas plantações de hortaliças é o controle que o agricultor passa a ter sobre o ambiente interno das suas culturas — ou seja, ele deixa de estar à mercê das condições climáticas para produzir. Com a cobertura plástica, é possível limitar a incidência solar, monitorar a temperatura e a umidade e proceder a irrigação de maneira adequada, sem depender das chuvas nem sofrer com a estiagem.

A plasticultura também proporciona uma maior segurança para o meio ambiente, uma vez que a barreira física (na cobertura sobre o solo) dificulta ou evita o crescimento de espécies invasoras (ervas daninhas), diminuindo a necessidade de herbicidas. Além disso, ela reduz a ocorrência de pragas do solo, o que também contribui para minimizar o uso de defensivos químicos.

Aliás, o uso de tratamento fitossanitário nas hortaliças de estufa só é recomendado quando há excesso de molhamento das frutas e das folhas em decorrência das chuvas laterais ou de danos causados pelos ventos. Fora essa questão, a pulverização não é indicada, uma vez que, sob a lona plástica, os produtos químicos permanecerão por mais tempo nos vegetais. Isso se deve ao fato de que os filmes agrícolas filtram as radiações ultravioletas, responsáveis por degradar as moléculas dos defensores.

Explorar a cor das lonas é outra estratégia sustentável da plasticultura. Alguns insetos — especialmente os polinizadores —, como as moscas, são atraídos pela cor amarela. Assim, eles ficam em torno da lona e não das hortaliças. Já a lona de cor branca confunde outras variedades de insetos e impede que eles se aproximem da plantação.

Por falar em proximidade, a plasticultura permite ainda que as culturas possam ser produzidas ao redor de centros urbanos, diminuindo os custos com transporte (e, conjuntamente, a emissão de gases poluentes). Com o cultivo protegido, o produtor rural pode plantar vegetais que não seriam cultiváveis na sua região, podendo atender à demanda dos consumidores e gerando renda para ele.

Por fim, todos esses benefícios conferem uma maior rentabilidade para o agricultor no longo prazo, visto que a prática gera uma grande economia de recursos naturais e financeiros.

Como e onde a plasticultura pode ser aplicada?

Como você pode perceber, as aplicações para a plasticultura são muito variadas. Porém, é preciso ter cautela e analisar todas as informações e a composição das lonas antes de utilizá-las em sua plantação. Uma vez que o mercado ainda não está acostumado com esse conceito, é muito comum encontrar dúvidas e inverdades sobre a aplicabilidade da plasticultura.

Resumindo, de uma forma bastante simples, o plástico é um material que não deve ser visto apenas como um guarda-chuva para as plantas. É essencial que o gestor do negócio tenha um bom planejamento, explore e aproveite todo o seu potencial se ele deseja ter resultados melhores com a produção.

No Brasil, na maior parte dos casos, a lona plástica é utilizada para proteger as plantações em regiões que apresentam um grande índice de chuvas. Contudo, a plasticultura também é devidamente aplicada em regiões de clima frio para proteger o cultivo das baixas temperaturas e das geadas.

Logo no início da prática da plasticultura, os filmes agrícolas eram apenas transparentes. Isso permitia a passagem total da luz solar e que, por outro lado, proporcionava maior aquecimento dentro da estufa. Nos dias atuais, já é possível encontrar lonas translúcidas, com difusor de luz ou, ainda, leitosas, que se adéquam às necessidades de cada espécie vegetal e facilita o posicionamento da estrutura em relação ao sol.

Além disso, os diferentes tratamentos tecnológicos que os plásticos para agricultura recebem hoje em dia, como aditivos antivírus e elementos que conferem maior resistência às intempéries ao material, proporcionam ao agricultor um leque de possibilidades quanto ao seu uso no campo.

Contudo, quando se fala em plasticultura também se pensa no uso de plásticos de maneira geral na atividade agrícola. Logo, lembre-se de que o plástico faz parte, também, dos sistemas de irrigação que melhoram a qualidade das frutas e hortaliças. É o caso do cultivo por hidroponia, cujo esquema de irrigação se dá por meio do transporte de uma solução nutritiva em tubos de PVC. Esse método controla a distribuição de água na medida exata para as plantas.

Esses processos possibilitam a subdivisão da adubação ao longo do ciclo da cultura, aumentam a disponibilidade e a absorção de nutrientes por parte das hortaliças e reduzem a necessidade do uso de fertilizantes na lavoura.

Existe alguma limitação para o uso da plasticultura?

Mesmo com toda a tecnologia empregada nas lonas agrícolas e com todas as vantagens que seu uso traz para a produção, o uso de plástico ainda é visto como antiecológico e não sustentável. Entretanto, o grande problema não está no produto em si, mas sim na forma como as pessoas o utilizam e, principalmente, o descartam.

Pense, por exemplo na quantidade de garrafas tipo PET você já viu jogadas às margens de cursos d’água ao redor de centros urbanos ou nas áreas rurais. Essas embalagens, obviamente, não foram parar no rio sozinhas. Muito provavelmente, uma pessoa sem educação e consciência ecológicas não deu o devido descarte para ela.

Essa mesma situação acontece com a plasticultura. Se o seu uso for adequado e seu descarte for correto, a sua aplicação será ainda mais justificada e todos os seus benefícios serão potencializados. Como consequência direta disso, o produtor rural aumenta a qualidade dos seus produtos e otimiza a sua produção.

Outra maneira que o agricultor tem de instalar um sistema sustentável na sua propriedade e causar menos impactos ambientais é procurando por materiais plásticos reciclados, recicláveis ou, ainda, biodegradáveis.

Porém, existem outras questões que atrapalham consideravelmente o avanço da plasticultura em nosso país: a ausência de investimentos é um de seus principais problemas. Essa escassez de recursos financeiros para a área se deve à falta de conhecimento e informação por parte dos produtores rurais e, também, dos grandes investidores que ainda não compreendem os benefícios trazidos por esse sistema de cultivo e não disponibilizam as verbas necessárias para a instalação da infraestrutura.

Ademais, o gargalo operacional também é outro contratempo. Como dito anteriormente, os níveis de conhecimento sobre a plasticultura estão defasados e deficientes em todas as esferas competentes, desde o “chão da estufa” passando pelos estudos universitários até chegar à má comunicação da ciência para a sociedade.

Em meio a esse contexto, é comum que muitos setores pensem que contratar profissionais estrangeiros é a melhor solução. Entretanto, essa não é uma boa ideia, uma vez que eles não estão a par da realidade do plantio nacional. Além do mais, o Brasil conta com excelentes instituições de ensino e uma quantidade enorme de trabalhadores competentes.

Sendo assim, é imprescindível que haja o maior investimento possível em formação e capacitação da equipe de trabalho. É importante, também, que se dê atenção à divulgação dessas informações, para desmistificar o uso de plásticos na atividade agroindustrial.

Como é possível superar esse cenário?

Além de todos os fatores levantados no tópico anterior, a questão financeira ainda é aquela que mais impede o avanço da plasticultura. Muitos produtores estão acostumados com metodologias antigas e obsoletas e se mantêm conservadores e incrédulos frente às inovações do setor. E o surgimento de uma nova técnica é, normalmente, vista com maus olhares em um primeiro momento.

O fato de ser necessário o investimento em formação de recursos humanos (capacitação da equipe) e em novas ferramentas e equipamentos pode parecer muito custoso para o produtor rural. Porém, como foi elucidado ao longo desse artigo, são inúmeros os benefícios que são obtidos com o passar do tempo.

Devido ao indiscutível controle que o agricultor tem sobre as condições de plantio, o aumento da qualidade do produto é uma das principais vantagens percebidas por quem adota a plasticultura. Somando a isso, o fato de esse sistema de cultivo levar uma quantidade consideravelmente menor de produtos químicos faz com que os produtos tenham sempre uma boa entrada no mercado.

É cada vez maior a conscientização da população em relação ao uso de defensores químicos nas lavouras, tanto no que tange as questões de saúde como as ambientais. Existe uma parcela da sociedade (ainda incipiente, mas em ascensão) que está disposta a pagar por alimentos mais saudáveis, produzidos em sistemas mais sustentáveis que respeitem o meio ambiente.

Além do mais, como a plantação fica protegida contra imprevistos e problemas naturais, o agricultor tem a certeza de que a sua produção não será afetada. Dessa forma, todos os investimentos realizados com a preparação do solo, com a semeadura e com os tratamentos durante o plantio, não são perdidos de forma alguma. Muito antes pelo contrário: nesse cenário, o retorno dos investimentos é maior para o negócio.

Uma vez compreendidas todas essas questões, é perceptível que o custo-benefício da plasticultura é muito grande. Seja para proteger a plantação com lonas agrícolas ou utilizar filmes plásticos na cobertura do solo, é fundamental que o produtor rural acompanhe as tendências do mercado, busque informações e invista em aplicar esse conceito em seu trabalho.