O cultivo de tomates apresenta alguns desafios ao longo do ciclo da planta e também na fase de pós-colheita. Pensando nisso fizemos uma enquete nas nossas redes sociais com as principais dúvidas no cultivo de tomates.
Confira o material que preparamos com as dicas técnicas e soluções de manejo:
Salinidade é prejudicial?
O tomateiro pode ser considerada uma planta moderadamente sensível à salinidade do solo e substrato de cultivo. Apesar de haver diferenças entre as cultivares, em média a salinidade máxima tolerada pelo tomateiro é de 2,5 dS m-1 (Maas & Hoffman, 1977). A salinidade é a concentração de sais solúveis no meio de cultivo (substrato, solo, hidroponia). Na prática a salinidade pode ser manejada através da irrigação e de uma boa drenagem, além do controle da adubação, evitando atingir altos níveis de salinidade.
Como obter uma boa floração?
São basicamente dois fatores principais para uma boa floração: época de plantio e adubação. Quando é feito o semeio na janela recomendada, as plantas encontram condições favoráveis para seu crescimento e desenvolvimento. A adubação rica em fósforo e cálcio favorece o florescimento. Saiba mais sobre adubação de tomateiro neste guia técnico da Embrapa.
É possível evitar o abortamento e queda de flores?
A principal causa de abortamento das flores do tomateiro são altas temperaturas no período do florescimento. Além disso, umidade excessiva, excesso de adubação nitrogenada, falta de ventilação ou falta de acesso de insetos polinizadores também causam abortamento de flores e consequente menores produtividades.
Como garantir que a planta sobreviva até o final da produção?
A produção dos frutos e maturação dos mesmos pode exigir grandes esforços das plantas de tomateiro, principalmente no final do ciclo. É fundamental estar atento à produção regularmente, identificando possíveis falhas no manejo e evitando problemas que levam à morte da planta. Na maioria dos casos é possível realizar o acompanhamento frequente ao longo do cultivo e assim, intervir o quanto antes para evitar ou reduzir os danos. Por exemplo, no controle de insetos, são usadas armadilhas distribuídas ao longo do dossel de plantas, para identificar se há presença de insetos e em qual nível populacional. As armadilhas Delta estão entre as mais utilizadas, assim como as armadilhas adesivas na cor amarela e azul, sendo que cada cor atrai um grupo específico de insetos e deve ser substituída regularmente.
Ramos muito grandes e poucas flores, isso é normal?
Este é um efeito causado principalmente pelo excesso de nitrogênio, que favorece o desenvolvimento foliar em detrimento da floração. Irrigação em excesso durante o início do desenvolvimento das mudas e também no período vegetativo (antes do florescimento) pode acarretar crescimento demasiado dos ramos e maior incidência de doenças, o que compromete a floração. Já no período reprodutivo (fase de flores e frutos) a falta de água pode comprometer o desempenho das cultivares, gerando frutos pequenos.
As plantas estão sofrendo muito com a seca. O que fazer?
Com as altas temperaturas e dias secos, as plantas aumentam seu metabolismo e transpiram mais, ficando murchas e secas nos períodos de déficit hídrico. A principal forma de lidar com isto é através de telas de sombreamento. Os famosos sombrites, que podem ser encontrados em diferentes espessuras e níveis de sombreamento, reduzem a incidência de luz solar e amenizam a demanda de água pelas plantas. Além disso, os cultivos com solo coberto por palhada são mais resilientes e armazenam água por mais tempo, diminuindo o estresse por falta de água. Em cultivo protegido é indispensável o uso de sistemas de irrigação, garantindo a quantidade necessária de água para o bom desenvolvimento das plantas.
O que gera a variação de preços dos tomates?
A formação de preços se dá por inúmeros fatores de mercado, principalmente pela relação entre oferta e demanda do produto em uma determinada época e localidade. Quando há oferta de produto, ou seja, em épocas de colheita, a tendência é que o preço seja menor, por conta da grande oferta no mercado. Por outro lado, quando não há abundância de produtos disponíveis no mercado, a alta demanda acaba aumentando os preços praticados por comércios em geral.
Uma estratégia para “fugir dos preços muito baixos” pagos ao produtor é compreender esta dinâmica nos mercados em que seu produto é comercializado, assim como os canais de venda onde atua e trabalhar para atender a demanda de produtos nos períodos de menor oferta. Como medida prática o produtor pode realizar o escalonamento de plantio, organizando e conduzindo as áreas cultivadas, para colheita em diferentes épocas.
Para realizar o escalonamento de plantio, é feita uma combinação de diferentes áreas cultivadas, em diferentes épocas, com a mesma ou diferentes cultivares (de acordo com as características de época de plantio e duração de ciclo). Assim, o produtor estará realizando a colheita em mais de uma época do ano e poderá ofertar produtos em períodos de melhor remuneração pelo mercado.
MANEJO DE PRAGAS
Praga é todo organismo capaz de causar dano ou afetar um cultivo ao longo do seu desenvolvimento. Podem ser insetos, doenças, plantas daninhas, entre outros organismos. Seu controle pode ser realizado de diversas formas, desde o controle orgânico até o uso de produtos químicos, no controle convencional. O manejo integrado de pragas é uma excelente forma de controle, pois faz uso de diferentes tecnologias e ações de manejo, resultando em menor aplicação de agrotóxicos, além de causar menos impacto no meio ambiente, tornando as produções mais sustentáveis. O controle biológico vem apresentando bons resultados e tem sido utilizado cada vez mais pelos produtores.
CONHEÇA OS PRINCIPAIS INSETOS:
Traça-do-tomateiro (Tuta absoluta)
Esta é uma das principais pragas da cultura do tomateiro e está distribuída em diversas regiões do Brasil e do mundo. Os danos são vistos nas folhas e também nos frutos. Os insetos são mais frequentes nos períodos quentes do ano, sendo que as mariposas colocam os ovos na face abaxial das folhas e durante a fase de larva realizam seus danos característicos, em galerias dentro dos tecidos vegetais das folhas, hastes e frutos.
O controle químico pode ser uma medida de manejo desta praga, conforme recomendações agronômicas disponíveis no AGROFIT. Vale ressaltar que o uso de inseticidas químicos pode afetar a ação dos agentes do controle biológico como insetos parasitóides e predadores. Além disso, pela característica dos hábitos do inseto e também pelo seu rápido ciclo de desenvolvimento o controle químico torna-se pouco efetivo.
Uma forma eficiente de controle e que vem sendo cada vez mais utilizada é através de inseticida biológico Bacillus thuringiensis associado a liberações semanais de parasitóide Trichogramma pretiosum, ambas práticas de controle biológico.
Saiba mais sobre a traça do tomateiro clicando aqui.
Monitoramento
Armadilhas tipo delta com piso adesivo onde os insetos machos adultos ficam grudados, após serem atraídos pela isca com feromônio específico para esta espécie. O monitoramento consiste em contar os insetos de cada isca, e em caso de número de insetos.
De acordo com Camila Vargas, Diretora da BioIn, o monitoramento é fundamental para observar o início da infestação das pragas junto ao campo, atuando de forma preventiva. O recomendado para campo aberto são pelo menos 2 armadilhas por hectare cultivado. Interessante também posicionar outras armadilhas nos entornos da área cultivada, servindo como alerta de “por onde” a praga está entrando na área. Durante a entre-safra também é recomendado utilizar pelo menos uma armadilha para que o produtor tenha o controle também nesta época. As armadilhas devem ser posicionadas cerca de 1,60 m de distância do solo, altura esta que corresponde a área de voo dos insetos, posicionando a favor da passagem de ar, favorecendo a dispersão do feromônio.
A frequência mínima de monitoramento, realizando a revisão das armadilhas é de uma vez por semana. O ideal seria realizar a contagem de insetos pelo menos uma vez por dia, mas isto nem sempre é possível. Quanto maior a temperatura e a umidade relativa do ar, mais rápido é ciclo da praga, sendo mais críticos os danos deste inseto. Camila ressalta ainda que o manejo integrado de pragas é um diferencial para o sucesso no cultivo.
Neste material da Embrapa há mais detalhes sobre o controle da Tuta.
Mosca Branca (Bemisia argentifolii)
As temperaturas altas e o clima seco favorecem o desenvolvimento desta praga. Elas acometem diversas hortaliças como brassicáceas (couve, brócolis, couve-flor) e cucurbitáceas (melão, abobrinha, chuchu, pepino), além de solanáceas como pimenta, pimentão, berinjela e o próprio tomateiro. Os danos são causados por efeitos da sucção da seiva, gerando deformação e alteração das plantas, afetando diretamente na produtividade.
Entre as formas de controle cultural estão o uso de armadilhas adesivas na cor amarela, uso de barreiras vivas com outras plantas para impedir a entrada na propriedade e eliminação dos restos culturais para evitar novas infestações. Também pode ser feito o controle biológico e o controle químico.
Trípes (Frankliniella spp. e Thrips spp.)
Segundo a Embrapa, os trípes são de difícil constatação nas lavouras recém-plantadas, mas podem ser facilmente encontrados nas inflorescências do tomateiro. Sua maior importância deve-se à transmissão da virose vira-cabeça do tomateiro.
Larva-minadora (Liriomyza huidobrensis, L. trifolii, L. sativae)
A larva constrói minas ou galerias irregulares dentro das folhas, causando a redução a área de fotossíntese, queda de folhas e diminuição do vigor da planta. O controle desta praga é realizado naturalmente por parasitóides e predadores, tanto na fase de larva como de pupa. O uso continuado de produtos químicos elimina os predadores naturais, agravando o problema.
CONTROLE DE DOENÇAS DO TOMATEIRO
As principais doenças que acometem o cultivo de tomates são causadas por vírus, bactérias e fungos. Neste guia da Embrapa você pode identificar os agentes causais, assim como sua forma de controle.
SEMENTES E MUDAS DE QUALIDADE
O plantio de genótipos resistentes às doenças é uma importante escolha do produtor. O portfólio da ISLA Sementes conta com um mix completo de tomates, com dezenas de cultivares com resistência às principais doenças.
Segundo a Agrônoma Amanda Inoue, Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento da ISLA o Tomate Luigi é um material muito produtivo, que tem respondido muito bem em várias regiões do Brasil. Ela também destaca os tomates Lucca e Enzo, que apresentam resultados mais expressivos na linha profissional. O tomate híbrido Enzo possui um amplo pacote de resistência: Mosaico do Tomate (ToMV), Fusarium 3 (F3), Verticillium (V), Geminivirus (TY) e também a nematóides (N).
Fique por dentro das nossas Redes Sociais e acompanhe as próximas interações e dicas técnicas.