Produção de pimentão em estufas

Produção de pimentão em estufas

Lauro Luis Petrazzini

Doutor, professor da UNIC Primavera e sócio diretor da Fazenda Petrazzini

lauropetrazzini@hotmail.com

 

O pimentão é cultivado por todo o Brasil, sendo os principais Estados produtores Minas Gerais e São Paulo, com 40% de todo o volume nacional.

A principal limitação do cultivo de pimentão a céu aberto está relacionada a problemas climáticos, como granizo e aumento de temperatura no verão, que podem causar abortamento de flores e injúria às folhas.

Com o cultivo protegido o produtor tem maior segurança quanto ao granizo, e pode (dependendo do investimento) amenizar o efeito da temperatura, com o uso de exaustores, climatizadores e nebulizadores.

Claro que estes benefícios vão impactar em maiores custos de produção e investimentos a longo prazo para amortização da estrutura, o que será possível se o produtor tiver um contrato com a indústria ou grandes redes, reduzindo a oscilação de preço.

 

Vantagens das estufas para o pimentão

 

Maior sanidade, maior tempo de produção, maior produtividade e maior resistência a adversidades climáticas, como chuva forte e granizo, são algumas das vantagens trazidas pelo cultivo protegido.

 

Manejo, do plantio à colheita

 

Para um bom rendimento do pimentão, devemos trabalhar com 80-90% de capacidade de campo, com uso de irrigação por gotejamento, de preferência. Solos mal drenados devem ser evitados. A temperatura ideal para a cultura deve ser de 20º a 27ºC.

A propagação é realizada com o uso de híbridos de alto desempenho, sendo utilizadas bandejas de 128 células para formação de mudas, que irão para o campo com aproximadamente 40dias após o semeio, quando são transplantadas para o local definitivo.

O plantio do pimentão deverá ser realizado em canteiros com pelo menos 15 cm de altura, e se o produtor optar pelo solo sem os mesmos, deverá realizar um preparo de solo com uso de arados e enxadas rotativas, visando aumentar a macroporosidade, permitindo boa infiltração de água e aeração.

O espaçamento pode variar de um metro entrelinhas e 50 a 60 cm entre plantas.

Com o cultivo protegido o produtor tem maior segurança na produção - Crédito Shutterstock
Com o cultivo protegido o produtor tem maior segurança na produção – Crédito Shutterstock

Nutrição

 

A adubação deve ser feita de acordo com a análise de solo, usando formulados com NPK para o plantio e adubos à base de N e K para as futuras coberturas. Se o produtor optar por sistema de gotejo, este poderá realizar a fertirrigação, fornecendo elementos equilibrados todos os dias.

A cultura deve ficar livre de plantas invasoras por todo o ciclo e, principalmente, até os 60 DAT (dias após transplantio).Na casa de vegetação, utilize no máximo quatro hastes acima da primeira bifurcação e realize o tutoramento, procedimento que potencializa a produtividade.

 

Colheita

 

A colheita se inicia aproximadamente 60 dias após o transplantio, podendo se estender por até cinco meses, atingindo mais de 03 ton/ha. Em cultivos protegidos o tempo de colheita pode se estender até nove meses, com produtividade de 150 ton/ha.

 

Investimento envolvido

 

Os investimentos são elevados, sendo necessária a elaboração de um plano de negócios e um projeto, buscando as melhores tecnologias para a região, ou seja, se o cultivo for alocado na região sul, necessitamos de um plástico com baixa reflexividade, para aproveitar o máximo da radiação. Caso o cultivo seja feito no nordeste, o plástico deve apresentar elevada reflexividade, para amenizar a temperatura dentro da estufa, por se tratar de cultivo protegido.

O produtor pode contar com uso de madeira (não nativa) de sua propriedade ou vizinhas para baratear os custos de implantação. O mais importante desse investimento para o produtor é a garantia de venda, ou seja, contrato com indústrias ou grandes redes – assim a receita fica garantida, fugindo da oscilação de preço devido à super safra.

 

Retorno garantido

 

O retorno inicia 100 dias após o semeio, porém, dependendo do investimento do produtor, a amortização do capital pode superar períodos de 60 meses, sendo necessária a realização de um projeto bem estruturado e um plano de comercialização bem feito.

 

Viabilidade do cultivo protegido

 

O cultivo protegido está estabilizando a produção de alimentos em todo o País, (uva, morango, alface, tomate, etc. já apresentam grandes extensões, com alto rendimento).

Para o pimentão não seria diferente – além das vantagens acima citadas, o cultivo protegido pode reduzir a pressão de pragas e doenças, podendo, a médio prazo, reduzir o uso de produtos fitossanitários.

 

Essa matéria você encontra na edição de maio 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

 

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br