Quais as boas práticas em aquaponia?

Quais as boas práticas em aquaponia?

A segurança alimentar tem proporcionado uma demanda por
alimentos de qualidade e com determinada procedência. Alinhado a essas
exigências, o sistema de aquaponia consegue, de forma integrada e sustentável,
produzir alimentos que atendam estas características.

A técnica de aquaponia consiste em um sistema que integra a
psicultura, carcinicultura e horticultura, em que o principal objetivo é a
reciclagem de água, que chega a 90%, evitando a geração de efluentes e,
consequentemente, minimizando impactos negativos ao meio ambiente.

A prática tem crescido devido à sua forma simples de manejo,
corroborando com a procura por alimentos saudáveis.

Implantação e funcionamento

Para seu funcionamento são necessários os seguintes
componentes: tanque reservado com peixes, que são alimentados com ração
específica, espaço para a hidroponia, esta comumente utiliza-se de argila
expandida, brita, pedaços de tijolos, como cama de cultivo, e um outro espaço
para a filtragem e manutenção da qualidade da água.

Nesse sistema os peixes, após alimentados, liberam dejetos
ricos em nutrientes, que são transferidos para o espaço onde ficam as
hortaliças, que por sua vez têm contato direto por meio de suas raízes com a água
rica em nutrientes. Nesse processo as plantas filtram a água, absorvendo os
nutrientes necessários, e retorna para o sistema onde encontram-se os peixes.

Com este uso de nutrientes o processo evita a eutrofização
dos corpos d’água. Para seu funcionamento, alguns critérios devem ser levados
em consideração, como a alimentação adequada e nas proporções corretas para a
população de peixes – caso contrário, poderá favorecer o surgimento de
microrganismos patógenos. Realizar a higienização do ambiente – ao retirar os
peixes os ambientes devem ser limpos com uma solução de hipoclorito de sódio, e
depois com água potável.

Fitossanidade

De acordo com o manual de boas práticas da Symbiotec e
Embrapa, lançado em 2017, no caso de pragas, recomenda-se a utilização de
inimigos naturais, como predadores, parasitoides ou entomopatógenos.

Entretanto, considerando que nos sistemas de aquaponia a
utilização de solução nutritiva é limitada a suplementações pontuais, a adição
de pesticidas ou fungicidas químicos não poderá ser feita, de modo que os
métodos alternativos (biológico, radiação ultravioleta, ultrafiltragem, adição
de silicato de potássio, ozônio) devem ser utilizados como principal controle
de doenças, assim como outras práticas do manejo integrado de pragas (MIP) (Moura,
2015).

Culturas beneficiadas

Entre os vegetais utilizados no sistema de aquaponia, têm
apresentado melhor desempenho os de folhas verdes, destacando-se alface,
manjericão, repolho chinês, pimentão, melão acapulco, quiabo, tomate, feijão, taioba,
agrião, inhame, ervilha, morango, nabo, cenoura, batata-doce, entre outros.

Já as espécies de peixes utilizadas podem ser: tilápia,
bagre, lambari, paco, ou crustáceos, como o camarão.

Por onde começar?

Para a implantação do sistema de aquaponia deve-se realizar
um planejamento levando em consideração a localização, equipamentos, espécies
de peixes e vegetais que se pretende trabalhar. Para iniciantes, indicam-se
orientações técnicas de profissionais.

O projeto deve ser instalado em local arejado, limpo e  inseto de patógenos, podendo haver uma leve
inclinação de 3%, uma vez que o sistema funciona por gravidade. Os equipamento
utilizados pode ser reutilizados de outras estruturas, por exemplo, a cama de
cultivo pode utilizar bombonas que são descartadas. No entanto, todo
equipamento que for utilizado no sistema deve ser higienizado, evitando a
propagação de patógenos.

Sua aplicação pode ser em cama de cultivo, calhas
(semelhante à hidroponia) ou cultivo flutuante, e o planejamento determinará a técnica
a ser empregada de acordo com seus objetivos e necessidades.

Produtividade

A aplicação da aquaponia inicialmente foi voltada para
agricultura familiar e em pequena escala, no entanto, a disseminação da técnica
tem se expandido e podemos encontrar a produção desses alimentos em grande
escala. Com o caráter sustentável, a procura por seus alimentos têm aumentado.

Direto ao alvo

Os erros frequentes são, na maioria das vezes, provenientes
do amadorismo. Por ser um processo aparentemente simples, muitos acabam escolhendo
local inadequado, utilizando equipamentos e ferramentas contaminadas por algum
patógeno, alimentação dos peixes irregular, com a ração inespecífica e em quantidade
além ou aquém, fatores que podem alterar a qualidade da água.

Controle e manutenção do pH do solo, teores altos de amônia,
oxigenação da água, acúmulo de dejetos, entupimento de canais são outros erros.
Deve-se evitar bombas que tenham um alto consumo de energia, porém, o uso
desses equipamentos dependerá do planejamento.

O processo de aquaponia busca um equilíbrio entre a produção
de peixes e vegetais, portanto, o acompanhamento do desenvolvimento de cada
fase do sistema é primordial. Logo, esses erros podem ser evitados com
orientações técnicas adequadas, como: determinação de números adequados de
peixes e plantas, visando a eficiências do sistema.

Vamos ao que interessa

Segundo dados da Universidade Federal do Rio Grande, e da
aquaponia Kovaslqui, o custo de implantação do sistema por metro quadrado gira
em torno de R$ 62,90, inclusos os seguintes equipamentos:

Implantação da aquaponia para uma área de 850 m2

ITENS QUANTIDADE UNIDADE CUSTO
Aerador 1   R$ 2.900,00
Bomba 0,5 CV 2   R$ 860,00
Bomba 1,0 CV 2   R$ 1.440,00
Estufas 588 m2 R$ 17.288,44
Gerador 1   R$ 3.100,00
Licenciamento ambiental 1   R$ 50,00
Rede elétrica 50 m2 R$ 1.300,00
Rede hidráulica 411 m2 R$ 7.533,00
Tanque 100 m2 R$ 4.800,00
Construções 850 m2 R$ 1955,00
Veículo 1   R$ 10.000,00
Total     R$ 53.467,03

A fase de implementação torna-se a mais cara do processo, mas
ao longo dos ciclos de produção esse valor poderá ser ressarcido com a produção
de alimentos. Espera-se que a partir do terceiro ciclo já aconteça o retorno do
investimento. Além disso, a aquaponia traz de benefícios: produção sustentável,
destinação adequada de resíduos, economia de água, ferramenta pedagógica ou
terapêutica em outras áreas.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br