O pepino (Cucumis
sativus L.) é uma planta da família Cucurbitaceae.
No Brasil, entre os Estados produtores se destacam São Paulo, Minas Gerais, Rio
de Janeiro e Goiás. Por ser uma cultura desenvolvida principalmente por
pequenos produtores, os dados sobre a produção nacional não são precisos.
A produção nacional de pepino é suficiente para atender à
demanda interna, sendo que a parte da produção que é exportada é constituída
basicamente de pepino para conserva. O pepino para conserva não pode ser grande
e deve ser colhido precocemente (deve ter em torno de 5,0 a 7,0 cm), porém,
aqueles que fogem ao padrão de exportação podem ser vendidos para o consumo in natura.
Trata-se de uma cultura exigente em água e nutrientes, que
se adapta a clima ameno ou quente. Se a cultura for conduzida em ambiente
protegido (estufas) é possível produzi-la o ano todo. Nesse caso, nas épocas
mais quentes do ano é necessário manter as laterais abertas a fim de evitar
temperaturas muito elevadas.
Em
campo aberto x cultivo protegido
No mercado brasileiro existe predominância das cultivares
híbridas de pepino em relação às cultivares de polinização aberta, sendo
cultivados quatro tipos de pepino: “caipira” (mais rústico), “conserva”, “aodai
ou comum” (maior volume de comercialização) e “japonês ou aonaga” (sabor mais
suave e valor de comercialização maior).
A cultura do pepino pode ser conduzida na forma rasteira ou
tutorada, em ambiente aberto ou em cultivo protegido. O plantio pode ser feito
diretamente no campo em covas ou sulcos ou, então, utilizando o transplante de
mudas.
As cultivares híbridas são as mais plantadas, principalmente
em cultivo protegido, sendo que cultivares de polinização aberta são utilizadas
no cultivo em campo aberto, pois necessitam de agentes polinizadores, que são
responsáveis pela fecundação da flor feminina e, consequentemente, pela
formação dos frutos, pois o grão-de-pólen das flores do pepino não é transportado
pelo vento. A polinização deficiente pode gerar a podridão da ponta dos frutos
ou deformações nos frutos.
No cultivo tradicional, em campo aberto, geralmente se
cultiva o pepino tipo caipira, Aodai e o pepino para conserva, cujo ciclo de
cultivo é em torno de 90 dias. Para o cultivo em ambiente protegido, onde
geralmente se cultiva o pepino do tipo japonês, o ciclo de cultivo varia de
60-90 dias para o pepino não enxertado, a 100-140 dias para o pepino enxertado.
A ocorrência da senescência se dá enquanto a cultura ainda se encontra em fase
de produção e o final do ciclo é definido pela redução, e não pela paralisação
da produção.
Demanda
A demanda por pepino de qualidade e a necessidade de ser
ofertado durante o ano todo têm contribuído para investimentos em novos
sistemas de cultivo, que permitam produção adaptada a diferentes regiões e
condições adversas do ambiente. A produção em calhas com substratos pode
viabilizar o cultivo do pepino em épocas desfavoráveis do ano, bem como amplia
o período de produção, proporcionando maior produtividade e melhor qualidade de
frutos. Esta prática pode favorecer o abastecimento regular durante todo o ano
e a obtenção de preços mais elevados, devido à qualidade do produto.
Em
calhas
A técnica de cultivo de pepino em substratos nas calhas
representa um grande avanço, quando comparado aos sistemas de cultivo no solo,
pois oferecem vantagens como:
Ü Manejo mais adequado da água;
Ü Fornecimento de nutrientes em doses e épocas
apropriadas;
Ü Redução do risco de salinização no ambiente
radicular;
Ü Redução da ocorrência de problemas fitossanitários,
que se traduzem em benefícios diretos no rendimento e na qualidade dos produtos
colhidos.
Ü A condução da cultura em todas as etapas fenológicas
da cultura é feita “em pé”, diferente do cultivo tradicional onde o produtor
trabalha abaixado.
Para o enchimento das calhas o produtor deve adquirir
substrato de qualidade, que deve apresentar algumas propriedades físicas e
químicas intrínsecas importantes para sua utilização, tais como: boa capacidade
de retenção de água, faixa de potencial hídrico entre 1 a 5 kPa, alta
disponibilização de oxigênio para o desenvolvimento das raízes, facilidade para
a manutenção da proporção correta entre fase sólida e líquida, alta capacidade
de troca catiônica do material (CTC), baixa relação C/N do material, entre
outras.
ð Elimina o rodízio de áreas para o plantio,
permitindo o aumento da área cultivada;
ð Elimina a necessidade de preparo anual do solo;
ð Elimina a necessidade de calagem e adubações de
base;
ð Reduz a contaminação do solo;
ð Melhora o rendimento da mão de obra em até 30%,
devido ao sistema ser suspenso;
ð Reduz contaminações por microrganismos, pois os
frutos não têm contato com o solo;
ð Permite maior adensamento de plantas;
ð Aumenta a produtividade por área;
Manejo do substrato
No entanto, quanto ao suprimento correto de nutrientes a ser
aplicado no substrato, ainda existem muitas dúvidas, pois o uso contínuo de
adubos pode aumentar a condutividade elétrica no dossel de plantio.
Antes do plantio do pepino é recomendado que o substrato
seja lavado, dentro das calhas, para reduzir a condutividade elétrica. O
processo de lavagem é feito no próprio sistema de fertirrigação, aplicando
somente água, que deve ser drenada. O plantio do pepino no substrato quando a
condutividade elétrica estiver alta (entre 2,0 a 4,0 dS m-1) irá
aumentar o potencial osmótico do substrato, o que pode queimar as raízes,
causando, inclusive, a morte das plantas.
Também é importante ressaltar que, mesmo quando se utiliza
água de irrigação de boa qualidade no cultivo protegido, a adição de
fertilizantes através da técnica de fertirrigação aumenta o risco de
salinização dos substratos.
A utilização de substrato em calhas para o cultivo das
plantas pode minimizar problemas como a salinização e a concentração de
patógenos, que são problemas recorrentes em locais com sucessivos ciclos de
monocultivo, devido à possibilidade de substituição do substrato sempre que
necessário.
O conjunto de fatores favoráveis indicam que é viável a
produção do pepino em calhas com o uso de substrato, pois a produtividade alta
e a qualidade do produto irão favorecer o retorno do investimento.
Investimento
O custo de implantação deste tipo de empreendimento em
cultivo protegido depende da localização, dos materiais empregados e do nível
tecnológico a ser utilizado. De maneira geral, o custo de implantação é
vantajoso pela facilidade de uso e pelo fato do agricultor poder fazer vários
cultivos, sendo amortizado a médio prazo.
Não existem restrições para o plantio do pepino em calhas –
o cultivo protegido permite que o efeito da sazonalidade diminua, favorecendo a
oferta mais equilibrada ao longo de todos os meses do ano. Esse benefício é
mais evidente em regiões de clima frio, já que o calor acumulado dentro das
estufas viabiliza a produção fora de época, além de encurtar o ciclo de
produção.