Rafael Rosa Rocha – rafaelrochaagro@outlook.com
Rayla Nemis de Souza – rayla.ns@outlook.com
Engenheiros
agrônomos e mestrandos em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola –
Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)
Independente dos níveis de conhecimentos tecnológicos, as
doenças das culturas em ambiente protegido têm sido motivo de preocupação para
os plasticultores, seja pelos danos causados, muitas vezes inviabilizando a
atividade, seja pela necessidade de tomar medidas de controle para reduzir ou
evitar esses danos.
Porém, o uso de filmes agrícolas no cultivo em ambiente
protegido tem se mostrado uma excelente estratégia no controle das viroses, uma
vez que o filmes agrícolas atuam como barreira para os insetos vetores e
controle de plantas hospedeiras. Ademais, a utilização dos filmes facilita o
monitoramento das pragas dentro do ambiente protegido e o emprego de outras
técnicas de controle.
Consequências dos erros
E o manejo inadequado dos fatores do ambiente aéreo e do
solo pode criar condições muito favoráveis para determinada doença biótica,
tornando qualquer medida de controle inócua. Outro aspecto do manejo inadequado
do ambiente pode ter como consequência o estressamento das plantas e o
aparecimento de doenças abióticas ou predisposição às doenças bióticas, com o
comprometimento da produção.
Muitas doenças em cultivos protegidos tendem a se tornar
mais severas, quando comparadas ao cultivo convencional, pois além dos fatores
ambientais mais favoráveis, também deve-se considerar o estado nutricional das
plantas, as condições de irrigação, a maior densidade de plantas e o
monocultivo, que propiciam condições mais favoráveis aos patógenos.
Desta maneira, as viroses podem ser disseminadas por
diferentes organismos, dentre os quais os insetos formam o principal grupo. Os
principais insetos-praga transmissores de viroses são pulgões, cigarrinhas,
tripes, mosca-branca e cochonilhas.
Além deles, ácaros, nematoides, fungos e protozoários
apresentam a capacidade de transmitir vírus para as plantas. No campo, após a
infecção de uma planta não existe método de controle economicamente viável para
eliminar o vírus. Dessa forma, a melhor estratégia para controle deve ser a
preventiva, impedindo ou dificultando a chegada e a disseminação dos vírus na
plantação.
Alternativas
Existem alguns métodos alternativos de controle de pragas e
doenças em estufas. A ráfia de solo é um deles, pois geralmente, em estufas, se
usam materiais orgânicos, mas também é possível utilizar materiais inorgânicos
para cobertura do solo. Um dos mais comuns são os filmes plásticos, como
mulching. Contudo, eles possuem uma pequena duração e não permitem a passagem
de água.
Outro material bastante usado com plantas ornamentais e
crescente no Brasil em cultivos em estufas em HF’s é a rafia de solo, que tem a
vantagem de ser durável e prover uma barreira ao crescimento de daninhas. Além disso,
têm durabilidade de 8 – 12 anos, com a vantagem de permitir a passagem de ar e
água.
Com isso, tem-se observado um controle em plantas daninhas e
uma redução na população e na atividade de insetos em ambientes que utilizam o
emprego dessa tecnologia no solo, assim podendo auxiliar no controle de
diversas doenças causadas por vírus, como: vira-cabeça ou tospoviroses causadas
por vírus do grupo Tospovirus, transmitidos por tripes; geminiviroses
causadas por vírus do grupo geminivírus, transmitidos por mosca-branca e os
potyvirus, transmitidos por pulgões e por doenças fúngicas.
Composição
De forma geral, as ráfias de solo são confeccionadas com
material em polipropileno, utilizado tanto em cobertura de solo em cultivo
protegido, em estufas e viveiros, como em produção em campo aberto. Essa ráfia
de solo possui um tratamento com UV para sol e chuva, que é o que degrada o
material, fazendo com que ele seja mais resistente.
Tem como principal função e benefício evitar o crescimento
de ervas daninhas, sem a necessidade de produtos químicos, pois elas criam uma
barreira no solo da estufa, impedindo tanto o crescimento de plantas daninhas
que podem disseminar doenças como também a passagem de insetos pelo solo,
agindo como uma medida e/ou ferramenta de controle de doenças na estufa.
Opções
Hoje, no mercado, existem diferentes ráfias resistentes, que
suportam até mesmo trabalhos pesados, pois são feitas com fibras de poliéster
ou polipropileno, as quais passam por criterioso processo de agulhagem, que
confere ao material resistência e excelente durabilidade, devido à qualidade de
seus componentes e da tecnologia aplicada na sua fabricação, extremamente
reforçadas, permeáveis e perfeitas para drenagem.
Em relação à ótima drenagem, essa cobertura de solo torna o
ambiente seco e mais higiênico, mostrando-se uma barreira física contra doenças,
pois a elevada umidade relativa do ar e do solo, associada às altas
temperaturas, propiciam condições para algumas doenças da parte aérea
tornarem-se muito mais severas nos cultivos em estufa que nos convencionais.
Como exemplo, pode-se citar o míldio (Pseudoperonospora
cubensis) e a mancha de corinespora (Corynespora cassiicola) em pepino
“japonês”; a pinta-preta (Alternaria solani) em tomateiro e a
podridão gomosa (Didymella bryoniae) em melão rendilhado, dentre diversos
outros patógenos radiculares.
Agregando eficiência
Outra forma de agregar ao uso de ráfia de solo é associá-la com
telas que possuam os aditivos fotosseletivos nas extremidades laterais das
estufas, que funcionam como repelente de
insetos-praga. Essas são medidas comumente utilizadas para o controle de vírus,
cujos principais agentes disseminadores são insetos, podendo ter as plantas
daninhas como fonte de inóculo, trazendo otimização em termos de controle de
doenças em estufas.
A ráfia de solo é amplamente usada como chão de estufas e em
projetos paisagísticos de jardinagem.
Atualmente, existem diversas larguras padrões, como (0,68 – 1,70 – 3,40
– 5,10 – 6,80 m), ou então personalizar de acordo com a necessidade.
Há, também, diversas gramaturas, como 90, 114, 130 GR, entre
outras. Algumas empresas oferecem serviços exclusivos de corte, costura,
colocação de ilhós, bainhas e/ou solda deste tipo de material.
Não se engane
Dentre os erros mais comuns na utilização da ráfia de solo
está a má manutenção de limpeza após o fim do ciclo de cultivo, pois em relação
à ráfia de solo utilizada, a mesma é bastante eficiente. Contudo, devido à
longa duração da ráfia, acaba acumulando material orgânico em sua superfície.
Esse material orgânico torna-se o meio em que muitas plantas
daninhas acabam se desenvolvendo. Por isso, deve-se retirar restos vegetais e
de substrato acumulados cada vez que um determinado lote é retirado do local,
para que a ráfia não perca sua função.
Então, cuidados na limpeza correta após os cultivos são
fundamentais.
Por que investir na ráfia de solo
As principais vantagens e a viabilidade de utilização das
ráfias de solo estão em reduzir o crescimento de ervas daninhas; além de permitir
a passagem de água, ar e nutrientes para as raízes; estabiliza o solo, evitando
erosão e mantendo a limpeza e boa aparência; evita o uso de químicos que podem
causar danos ao meio ambiente e é ideal para cultivos orgânicos.
Com relação aos custos da técnica, produzir em ambiente
protegido demanda uma maior alocação de recursos pelo produtor, especialmente
para implantação da estrutura. Entretanto, o cultivo protegido torna a
atividade de produzir hortaliças muito mais segura, reduzindo a incidência de
pragas e doenças e ampliando as possibilidades de épocas de produção e a junção
de proteção do solo com o uso da ráfia, sendo uma combinação que tende a oferecer
ótimos resultados em rentabilidade de produção.
A potencial redução na utilização de insumos e incremento de
produtividade e a qualidade do produto, associados à possibilidade de expandir
o período de oferta, são pontos a favor dessa tecnologia. Ou seja, embora o
produtor que inicialmente precisa investir um valor considerável na instalação
da ráfia de solo, em poucas safras paga esse investimento, visto que diminui
custos com mão de obra para limpeza da estufa e diminui o uso de químicos
(herbicidas), tem a possibilidade de produção de mais ciclos por ano, maiores
produtividades e maior qualidade da
produção, a qual garante melhores preços
para o produtor rural e demais benefícios já citados.
Cuidados
Sempre é bom lembrar que, além dos controles na estufa, deve-se sempre cuidar das áreas próximas da estufa, que sempre devem permanecer limpas, livres de qualquer planta, pois mesmo não sendo hospedeira de vírus, poderá ser hospedeira de insetos-vetores.