Adalberto Brito de Novaes
Doutor e professor – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)
adalberto@uesb.edu.br
José Geraldo Mageste
Doutor e professor – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
jgmageste@ufu.br
A produção de mudas de espécies florestais de alta qualidade, seja de eucaliptos, seringueira ou pinus, sempre foi um grande desafio para os viveiristas brasileiros. Apesar de ter evoluído muito desde o final do último século, ainda existem muitos desafios.
O programa de estudos em nível de pós-graduação sobre produção de mudas na UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) vem se dedicando, exaustivamente, ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras para produção de mudas de espécies florestais diversas.
A realidade
A produção de mudas de espécies como eucalipto exige o uso de tecnologias de última geração para manter o controle do crescimento das mesmas, a absorção adequada e controlada de todos os nutrientes (principalmente micronutrientes) e o amadurecimento, que proporcionarão um desenvolvimento satisfatório assim que forem plantadas.
O uso de um substrato que proporcione bom crescimento das raízes, facilite a nutrição das mudas e dificulte a proliferação de patógenos parece ter resolvido, com a disposição da vermiculita, uma argila expansiva de fácil disposição no mercado brasileiro.
Com isso, muitos estudos têm sido conduzidos para o entendimento das relações com as variações de volumes, a substituição dos diversos tipos de recipientes (como exemplo, os spots), privilegiando aqueles que não precisam retornar ao viveiro e a melhor relação altura e diâmetro dos mesmos.
Por outro lado, nada substituirá o “olho clínico” do técnico que conduzirá as diversas operações ou etapas de produção de mudas no viveiro. É ele quem vai fazendo mudanças no arranjo das mudas, controlando a temperatura e a umidade dentro das casas de vegetação, observando o crescimento, tomando medidas profiláticas para os ajustes necessários requeridos pelos diferentes materiais genéticos (clones, sistemas florestais, diferentes procedências, etc.).
E olha que estamos nos referindo à produção de viveiros que podem entregar até 20 milhões de mudas por ano.
Problemática
É fácil identificar as dificuldades do viveirista, que precisa estar atento ao que se passa dentro e fora da casa de vegetação, principalmente no que diz respeito às variações climáticas externas (luminosidade, temperatura, umidade relativa do ar) que podem influenciar a qualidade das mudas.
Uma nova ferramenta de acompanhamento e controle dessas condições permite o controle mais preciso das condições ideais para o desenvolvimento das mudas florestais, garantindo um melhor aproveitamento e apoiando a implementação de melhorias nos processos. A nova solução tem a capacidade de identificar problemas mecânicos nas estufas, monitorar se todos os processos estão sendo cumpridos corretamente e garantir que variáveis, como temperatura e umidade, estejam devidamente reguladas para garantir a sobrevivência ou o melhor desenvolvimento das mudas.
Esta ferramenta ajudará a enfrentar o desafio de entregar até 12 milhões de mudas no espaço de 1,5 a dois meses no início do verão, onde se concentram os plantios da maioria das organizações silviculturais do país.
Logicamente, ainda não se trata de uma mudança que deva ser implementada repentinamente em todos os viveiros e nem em todas as etapas de um grande viveiro produtor de mudas. Mas, deve ser iniciada com mudanças gradativas, procurando-se aprimorar os processos e lentamente fortalecer o domínio da tecnologia.
A grande vantagem será a integração dos processos existentes, facilitando a tomada de decisão.
Tecnologias a caminho
A tecnologia por trás dessa nova solução está na utilização de sensores eletrônicos que vão registrando, em curtíssimo espaço de tempo (a cada dois minutos, por exemplo), as mudanças de temperatura e umidade dentro da casa de vegetação e principalmente no contato muda/atmosfera, para que rapidamente sejam feitas mudanças ou ajustes. Isto permite um ajuste antes que as mudas possam “entrar” em qualquer estresse.
Assim acontecendo, é esperada a melhor qualidade das mudas produzidas com menos de 100 dias no viveiro, dada a eficiência operacional.
Treinamento é fundamental
Uma ferramenta importante para o êxito será o treinamento gradativo dos operadores, ensinando-os não somente a utilizar, mas também interpretar os dados fornecidos por esse sistema de controle.
Os locais em funcionamento mostram uma economia de água e mudas de melhor qualidade produzidas em mais curto espaço de tempo. Vale lembrar que já existiram viveiros que gastavam até oito meses para produção de mudas. Esta nova tecnologia/ferramenta reduziu para menos da metade deste tempo.