Vantagens do mulching para o limoeiro

Vantagens do mulching para o limoeiro

Ana Claudia Costaanaclaudia.costa@ufla.br

Leila Aparecida Salles Pioleila.pio@ufla.br

Professoras do curso
de Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

A demanda por alimentos mais saudáveis, de melhor qualidade,
com elevado valor nutricional e produzidos em sistemas menos agressivos ao
ambiente gerou a necessidade do levantamento de informações técnicas que
proporcionem produções de frutos de citros com qualidade e que atendam à
preservação ambiental.

O uso da cobertura do solo para citros pode contribuir com o
aumento da produtividade e assim, com a permanência de pequenos produtores na
citricultura.

Como funciona

A cobertura de solo (“mulching”) é um sistema de proteção
que utiliza diversos tipos de materiais para cobrir o solo, buscando oferecer
melhores condições à planta. A técnica é tão antiga quanto as florestas, que
deixam uma manta espessa de folhas sobre a superfície e funciona como uma
barreira entre solo e atmosfera, promovendo um efeito isolante.

As coberturas mais tradicionais são matérias orgânicas
vegetais: capim, palha, bagaço, casca e outros que estejam disponíveis. Existem
também materiais inertes, como pedra, cascalho, carvão, papel tratado, etc.

Entretanto, nenhum desses supera a utilização do plástico,
devido a sua diversidade na composição, disponibilidade no mercado, facilidade
no manejo e custo acessível.

Características

Os filmes para a cobertura de solo são de polietileno de
baixa espessura e limitada largura, apresentando diversas cores: transparente,
preta, branca, prateada, parda, verde etc. Os transparentes são mais utilizados
nas regiões frias, por causa do efeito estufa sobre o solo, porém, não
controlam as plantas daninhas. Em oposição, o filme preto não causa o efeito
estufa, porém, controla as plantas daninhas e é mais resistente, sendo o mais
utilizado no Brasil.

Os filmes de outras cores apresentam características intermediárias.
Observa-se que o filme preto absorve muito calor recebido, aquecendo-se e
podendo provocar queimaduras nas partes mais sensíveis da planta, com as quais
esteja em contato direto.

Uma opção interessante, já oferecida pelo mercado, é o filme
dupla face: preto na face interna – opaco e mais resistente – e branco ou
prateado na externa – reflete a luz e não se aquece tanto. Além disso, os
filmes plásticos podem ser repelentes à água ou permeáveis, permanente ou
fotográfico, biodegradável, refletivo ou não, havendo muitas opções no mercado.

Benefícios

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As vantagens desse sistema é que a cobertura do solo
proporciona um ambiente favorável para o crescimento, o que resulta em uma
planta mais vigorosa e saudável, que pode ser mais resistente às pragas. 

O mulching também impede a evaporação da água da superfície
do solo e, como dito, reduz o crescimento das ervas daninhas. Além disso, as
coberturas têm vários efeitos no solo, como a redução da taxa de infiltração,
conservar a umidade do solo, manter a temperatura do solo, reduzir a lixiviação
de fertilizantes, promover a colheita antecipada e melhorar o rendimento e a
qualidade dos frutos.

Para citros, de forma geral, há necessidade contínua de
reduzir os custos de produção e antecipar receitas, acelerando o crescimento
inicial das plantas. No entanto, recentemente isso tornou-se muito mais
desafiador, especialmente após a presença do Huanglongbing ou HLB nas
principais regiões produtoras brasileiras.

Entre as diversas práticas culturais que podem contribuir
para esse objetivo está o uso de cobertura do solo, com destaque para os filmes
plásticos, cuja aplicação interfere nos aspectos fitotécnicos e fitossanitários
no pomar.

No que diz respeito aos aspectos fitotécnicos, além das
vantagens já mencionadas, o filme plástico não altera apenas a quantidade de
luz refletida pelo solo, mas também sua qualidade, que pode afetar a luz não
visível e, consequentemente, o crescimento das plantas.

 Por outro lado, o
aspecto fitossanitário refere-se, essencialmente, à repelência ou desorientação
de pragas insetos ou vetores de patógenos com voo diurno, tornando difícil para
eles encontrar plantas hospedeiras, quando utilizando coberturas plásticas
refletivas.

Comprovação

Particularmente em citros, o uso de cobertura plástica
metalizada reduziu em quase 50% o número de brotos infestados com o psilídeo
cítrico asiático (Diaphorina citri) e sua captura em cartões amarelos,
diminuindo a incidência de HLB em comparação com parcelas sem cobertura de
filme plástico (Croxton; Stansly, 2014).

Devido a uma maior frequência de fluxos vegetativos, árvores
cítricas jovens são mais vulneráveis à infecção por doenças como HLB, clorose
variegada dos citros e cancro cítrico (Bassanezi et al., 2016). Portanto, é
interessante para promover o rápido crescimento e porte de árvores cítricas em pomares
recém-plantados.

Em trabalho realizado por Almeida (2018), plantas de lima
ácida ‘Tahiti’, clone IAC-5, enxertadas em trifoliata ‘Flying Dragon’,
utilizando-se espaçamento de 4,8 m x 1,8 m, foram implantadas em quatro
diferentes sistemas: PDH – plantio direto na palha de Urochloa ruziziensis
(UR) e glifosato na linha; PD – plantio direto na palha de UR sem glifosato na
linha; CM – cultivo mínimo, plantio no solo da linha descoberta, com glifosato
na linha; e CONV- plantio convencional, no solo descoberto, com glifosato.

O autor concluiu que o sistema de plantio direto e seu
manejo (PD e PDH) conferiu alta deposição de fitomassa na linha de plantio do
‘Tahiti’. O PDH foi eficiente no controle de plantas daninhas e proporcionou
incremento de N, P e K na folha de lima ácida ‘Tahiti’ e de K no solo; o solo
da linha de plantio se manteve mais úmido no tratamento PDH; e maior
produtividade de lima ácida ‘Tahiti’ foi obtida no sistema de plantio direto
com glifosato.

De acordo com o autor, a eficiência do controle de plantas
daninhas no tratamento PDH foi consequência da aplicação de herbicida,
associado à barreira física do mulching que a fitomassa proporcionou, por
constituir-se uma barreira física de impedimento, além de diminuir a
intensidade de luz disponível para as plantas daninhas.

Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br