Embrapa lança a primeira cultivar de maracujá-doce

Embrapa lança a primeira cultivar de maracujá-doce
Fotos Embrapa Cerrados
Fotos Embrapa Cerrados

A Embrapa Cerrados (Planaltina, DF) acaba de lançar a primeira cultivar da espécie Passiflora alata Curtis, maracujá-doce BRS Mel do Cerrado (BRS MC) registrada e protegida no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A cultivar é uma nova opção para os fruticultores, tanto para os tecnificados, que utilizam o cultivo em estufas, como para os pequenos produtores e agricultores urbanos e periurbanos. Com flor de cor exuberante (vermelho arroxeada), a cultivar é indicada para uso na fruticultura ornamental, com utilização das flores, frutos e da própria planta no paisagismo de grandes áreas como cercas e pérgulas.

O chefe-geral da Embrapa Cerrados ressaltou o esforço da empresa em disponibilizar tecnologias para atender à demanda da sociedade e sua importância social. “A nossa missão é viabilizar soluções tecnológicas para a sustentabilidade da agricultura. A empresa não está aqui para ganhar dinheiro, mas para beneficiar a sociedade. A agricultura é importante para a sociedade brasileira e o País precisa ter uma empresa pública que responda aos interesses sociais e econômicos do Brasil e que não tenha o foco em gerar lucro para si“, declara Cláudio Karia.

Melhoramento genético

Lançamento e apresentação do novo maracujá - Fotos Embrapa Cerrados
Lançamento e apresentação do novo maracujá – Fotos Embrapa Cerrados

As principais características da cultivar BRS Mel do Cerrado – alta produtividade, qualidade física e química dos frutos e maior nível de resistência a pragas e doenças – foram trabalhadas no programa de melhoramento genético da Embrapa.

O pesquisador Nilton Junqueira explicou que em 1996, com o objetivo de desenvolver cultivares mais resistentes a doenças, como virose e bacteriose, foi montada na Embrapa Cerrados uma coleção de genótipos de maracujá procedentes da Amazônia Ocidental, Cerrados e Mata Atlântica do Nordeste, Sudeste e Sul.

“Em 1996 a virose e a bacteriose destruíram os plantios de maracujá em São Paulo e mais tarde no DF e Goiás. A cultura foi praticamente abandonada, reduzindo a pequenas áreas em estufas e a campo nos Estados de Santa Catarina e Paraná, onde estas doenças não haviam chegado. Após montarmos a coleção, os genótipos selecionados foram enviados para Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais. O BRS Mel do Cerrado foi um dos genótipos desenvolvidos a partir desta coleção“, afirmou Junqueira, que foi o pioneiro dessas pesquisas na década de 1990.

A cultivar desenvolvida pelo melhoramento genético apresenta maior nível de tolerância às principais doenças foliares que a população original de melhoramento, entretanto, ainda apresenta suscetibilidade à bacteriose e à virose. Para conviver com a virose, o pesquisador Nilton Junqueira recomenda o uso da tecnologia do “mudão“, em que as mudas são conduzidas em ambiente protegido até atingirem mais de 1,5 metro, quando então são levadas para o campo.

Vantagens

As principais vantagens do “mudão“ são a menor perda de mudas em campo após o plantio; maior tolerância ao ataque de virose, podridão de raízes, cupins, fungos e bactérias; maior durabilidade do plantio e maior produtividade. Essas vantagens, de acordo com Junqueira, compensam o preço do “mudão“, que é o dobro da muda convencional, o custo do transporte, que é mais caro e mais complicado, e a exigência de maior espaço dentro da estufa e do telado.

Manejo

Outra orientação para os produtores de maracujá-doce conviverem com a bacteriose são as pulverizações preventivas, principalmente feitas no início das chuvas e durante as épocas do ano mais úmidas e quentes. Para minimizar os problemas enfrentados com os insetos, como mosca-da-fruta, besouro da flor, percevejos e tripes, o pesquisador recomenda fazer o manejo de pragas do mesmo modo que é feito com o maracujá-azedo.

Cultivo e produção

O sistema de produção da cultivarBRS Mel do Cerrado segue as recomendações técnicas do maracujazeiro-azedo comercial, com relação às exigências edafoclimáticas, preparo e correção do solo, necessidade de espaldeiramento, podas, irrigação e adubações.

A partir das informações obtidas nas unidades de validação da cultivar e áreas experimentais, os pesquisadores fizeram alguns ajustes no sistema de produção que devem ser realizados com base na realidade local do produtor.

O plantio de maracujá-doce pode ser feito de duas formas: espaldeira ou latada. A pesquisadora Ana Maria Costa apresentou resultados em que foram comparados os dois sistemas de plantio. O maracujá-doce no sistema latada foi 87% mais produtivo que em espaldeira.

A vantagem do sistema de espaldeira é poder aproveitar a área para cultivos consorciados, como por exemplo, com as culturas de arroz, feijão, amendoim e maxixe.

“Os resultados de produtividade foram melhores em latada, mas isso não quer dizer que todos os produtores devem usar esse sistema. A tomada de decisão deve ser pela mãodeobra. Como os tratos culturais são mais difíceis na latada, o produtor deve decidir se vale a pena ou não fazer. Se ele não tiver mãodeobra para fazer os tratos culturais, é preferível a espaldeira, mesmo com menor produtividade“, disse a pesquisadora.

A principal recomendação para o momento do plantio, como frisou o pesquisador Fábio Faleiro, é o uso de sementes e mudas certificadas. “O produtor não deve economizar nessa hora. A qualidade da semente ou da muda é a base para garantir a produtividade do maracujazeiro“, afirmou Faleiro.

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Fonte: https://revistacampoenegocios.com.br